Efacec corta salários aos engenheiros. Trabalhadores estão contra

Colaboradores prometem “lutar nos tribunais até às últimas consequências”.

Os engenheiros da Efacec foram tiveram de entregar, até 31 de agosto, os carros que lhes foram atribuídos pela empresa para uso profissional e pessoal e que, por isso, fazem parte integrante do seu vencimento.

A empresa detida pela empresária angolana Isabel dos Santos comunicou em julho aos engenheiros (quase todos eletrotécnicos) com funções de gestão de obra, manutenção e comerciais que os carros que lhes estão atribuídos desde o primeiro dia do seu trabalho na empresa deixarão de estar ao seu dispor no final deste mês, tal como a Via Verde e o cartão frota para o gasóleo.

“Estamos a falar no equivalente a cerca de um terço dos ordenados de mais de 120 pessoas”, afirmam os 85 engenheiros que constituiram o advogado Dias Ferreira como seu representante na defesa dos direitos que lhes querem retirar. “O carro faz parte do nosso vencimento desde sempre, tal como a Via Verde e o ‘plafond’ mensal de combustível para deslocações pessoais. É essa a razão, aliás, por que quando, por razões profissionais, excedemos em certos meses o ‘plafond’ que nos está atribuído, esse dinheiro nos é integralmente devolvido”.

De acordo com o mesmo, esta tentativa de redução de vencimento é a primeira medida que os trabalhadores da Efacec sofrem desde que a empresa alterou, há um ano, a sua composição acionista. “É uma medida, não só injusta e ilegal, mas também discricionária e discriminatória, uma vez que só está a ser imposta aos trabalhadores do grau 28”, afirmam os mesmos. “Não a aceitaremos, como é óbvio, e iremos lutar nos tribunais até às últimas consequências para sermos integralmente ressarcidos dela”, salienta.

A Efacec Power Solutions, SA é controlada, desde o outono de 2015, pela filha do Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. A empresa Winterfell — detida pela Niara Holding, de Isabel dos Santos, e pela Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade (ENDE), do Estado angolano — detém 66,1% do capital da Efacec, sendo o restante capital propriedade do grupo José de Mello e da Têxtil Manuel Gonçalves.

Até junho passado, Isabel dos Santos assumiu o seu lugar no Conselho de Administração da Efacec, tendo apenas renunciado a este posto quando, há dois meses, passou a ocupar a presidência executiva da Sonangol, a petrolífera estatal angolana.