O único representante português do taekwondo é bicampeão europeu. Entra hoje em ação contra os 16 melhores do mundo e, depois de muito esforço para chegar aqui, a pressão só será um inimigo.
Rui Bragança nunca poderia ser jogador de futebol. Não que não tenha jeito, isso não conseguimos saber, mas porque a maneira desenvolta e humilde como fala da sua carreira do taekwondo recheada de títulos - basta dizer que é bicampeão europeu aos 24 anos - e das suas aspirações para os Jogos Olímpicos (JO) do Rio de Janeiro não o deixariam estar nas conferências de imprensa. Por saber que esta é uma modalidade ainda pequena, teve de contar com a ajuda financeira dos pais para garantir uma qualificação que fugiu há quatro anos. Porque se não fosse assim, já não haveria taekwondo para o vimaranense. Agora estará entre os 16 melhores do mundo - algo que um português não sabia o que era desde Pequim 2008 - e, mesmo que não haja medalha, de certeza que vai haver festa. Porquê? Leva a família, namorada e amigos. À boa maneira portuguesa, sim senhor.
A Associated Press deu quatro medalhas a Portugal para estes JO. Uma delas seria para si.
Em Londres já me tinham dito que eu iria ter uma medalha de prata, e depois nem me classifiquei. As estimativas valem o que valem. Eu não chego lá e outro atleta vai-me dizer, “ah, olha, na estimativa dizia que tu ias ganhar, por isso ofereço-te o combate”. Não muda nada.
Não mexe com a cabeça?
Não, não mexe em nada.
Como tem feito a sua preparação?
Continuo a treinar em Braga com os meus colegas de treino, continua tudo igual.
Fale-me desses treinos.
O taekwondo é um desporto que exige muitas características diferentes. Temos de ter uma parte tática, física e técnica. Há diferentes tipos de treino. Começa com um aquecimento e depois temos uns jogos mais físicos, treino tático e, finalmente, resistência. É difícil de explicar assim.
Mais difícil de explicar talvez seja o facto de ser de Guimarães, mas treinar em Braga.
Sim, nascido e criado em Guimarães. Treino em Braga porque estudo na Universidade do Minho, em Medicina. Ir e vir seria impensável para quem treina duas vezes por dia.
E sente a rivalidade que há entre as duas cidades?
Sim, levo na brincadeira. Nunca fui insultado nem nada do género, mas essa rivalidade sente-se sempre.
Os vitorianos são muito ligados ao clube. O Rui também tem essa ligação?
No início, quando tinha 11, 12 anos, ia aos jogos. Depois tive de escolher entre pagar as quotas ou pagar o taekwondo, que muitas das vezes coincidia com os jogos, e deixei de ir. Desliguei-me um pouco do mundo do futebol porque não tinha tempo para acompanhar. Claro que gosto do meu clube e é um orgulho representá-lo.
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