“Refrigerantes e canções de amor”. O Markl que mordeu um rolo de papel higiénico

Esta não é mais uma comédia romântica qualquer, é o filme que começou na cabeça de Nuno Markl enquanto olhava para rolos de papel higiénico no Continente do Colombo

Ou que comprou só um CiF. Pedro e Lucas (Lucas Mateus, não confundir com a dupla de sertanejo em que os nomes vêm ao contrário) que nos é atirado de chofre num concerto-genérico de abertura que nos avisa logo ao que vamos aqui: uma sucessão de momentos de vergonha alheia do princípio (quase até) ao fim, intercalados com os da lágrima ao canto do olho – ora porque o amor é mesmo assim, ora porque Jorge Palma e Sérgio Godinho a cantarem juntos não se vê todos os dias, sobretudo com o primeiro em versão cowboy imaginário e o segundo em papel de assassino a soldo num registo tão maravilhosamente gipsy que não julgávamos possível (parêntesis para dizer ainda que apresentar Gregório Duvivier como o tipo que “tem uma camisa aos quadradinhos”, só assim, não está ao alcance de qualquer um).

Mas esta também não é mais uma comédia romântica qualquer, é o filme que começou na cabeça de Nuno Markl (a sua estreia como argumentista de longa metragem) enquanto olhava para rolos de papel higiénico no Continente do Colombo e lia sobre “carrinhologia”.

Comédia romântica musicalo-psicadélica, definição roubada a Ivo Canelas, que é Lucas, músico resignado a compor jingles para anúncios de refrigerantes quando a coisa corre mal com Pedro (João Tempera) e que, plot twist, volta a apaixonar-se num supermercado por uma dinossaura cor-de-rosa que queria ser atriz mas é um boneco (Victoria Guerra). Ponto de partida esquisito para fim de história perfeito. Com Palma, Godinho e tudo. Markl tem destas coisas.