Mais de 28 mil professores contratados sem colocação

Dos 36 mil professores que se apresentaram a concurso, apenas 7306 conseguiram lugar numa escola para dar aulas. Há mais de 28 mil que arriscam ficar no desemprego

Foram cerca de 28.700 os professores contratados que não conseguiram, para já, colocação numa escola para darem aulas no próximo ano letivo, arriscando ficar no desemprego.

De acordo com as listas publicadas ontem pela Direcção Geral da Administração Escolar (DGAE), o número de professores que concorreram a um lugar numa escola atingiu os 36 mil. Destes docentes, apenas 7.306 foram contratados pelo Ministério da Educação que sublinha que, este ano, houve “um acréscimo de cerca de 500” professores colocados.

Mas o aumento vem na mesma linha do número de docentes que se aposentou durante este ano, lembra ao i o secretário-geral da Fenprof. Mário Nogueira acrescenta que “é quase uma coincidência”.

Apesar desta subida, depois do concurso anual de colocações – quando há o maior número de professores contratados – mais de 28 mil ficam, para já, em situação de desemprego. Para que alguns destes docentes consigam um lugar numa escola terão de se apresentar nos concursos que vão decorrendo todas as semanas até 31 de dezembro, as chamadas reservas de recrutamento.

Neste que foi o concurso que marca a estreia de um arranque letivo do ministro Tiago Brandão Rodrigues, o Ministério da Educação não disponibilizou dados sobre as colocações de mobilidade interna. Trata-se do concurso que decorreu em simultâneo com as contratações, para os professores dos quadros que estão sem uma turma atribuída (os chamados horários zero) ou para os docentes que concorreram a um lugar numa escola mais perto da sua área de residência.

Também não foram revelados números sobre quantos dos 7.306 professores viram o seu contrato renovado ou quantos horários foram pedidos pelas escolas. A este respeito, o ME apenas diz que “todos os horários solicitados pelas escolas foram já preenchidos” estando, por isso, “reunidas todas as condições para um regular início do ano letivo”.
Mas, de acordo com o ‘site’ especializado em estatísticas da educação – o blogue DeAr Lindo – foi atribuído um horário a mais de 3.600 professores dos quadros, na maioria do 1º ciclo. 

Ainda de acordo com o mesmo blogue, que trabalhou as listas oficiais da DGAE, entre os docentes contratados houve 5.443 que foram colocados através de um novo contrato. Aos restantes 1.862 foi-lhes renovado o seu contrato.

As listas revelam ainda que para o 1º ciclo, pré-escolar – precisamente uma das apostas de Tiago Brandão Rodrigues – ou para as disciplinas de Português-Inglês não houve qualquer professor colocado, através de novos contratos, nas regiões Norte e Centro do país. 

Além disso, verifica-se que entre os 5.443 professores com novos contratos, houve 2.779 docentes com horário completo e anual. Os restantes 2.664 foram colocados em horários temporários e incompletos, entre as oito e as 23 horas semanais.

A Associação Nacional dos Professores Contratados (ANPC) lamenta ao i o número elevado de professores sem colocação e alerta para a “colocação massiva” apenas na zona de Lisboa. “É uma questão preocupante e demográfica”, sublinha o presidente da ANPC, César Israel Paulo, que acrescenta que “continua a haver profissionais com 15 e 20 anos de serviço em situação precária ou sem colocação”.

Os professores colocados têm 48 horas, a partir de 1 de Setembro, para aceitarem a colocação através da internet. Têm de se apresentar na escola onde foram colocados na próxima segunda-feira, dia 5 de setembro, a quatro dias do arranque do ano letivo. 

Questionada pelo i, a tutela não respondeu às questões colocadas até à hora de fecho desta edição.