Diana, a primeira das princesas do povo

Faz hoje 19 anos que morreu a princesa que quis ser a rainha do povo. Diana pode ter sido a primeira a desafiar as regras de uma casa real, mas as suas ações abriram alas para muitas outras princesas do povo. Que o digam as casas reais da Noruega, Suécia, Espanha e Dinamarca. Sem esquecer,…

“I’d like to be queen of people’s hearts, in people’s hearts’. A resposta da princesa Diana à questão se alguma vez seria Rainha de Inglaterra, numa (mítica) entrevista em 1995, conferiu-lhe um título ainda hoje utilizado: a princesa do povo.

Efetivamente Diana de Gales nunca chegou a ser rainha. Morreu a 31 de agosto de 1997, num acidente de carro num túnel em Paris – faz hoje 19 anos –, cerca de um ano depois de se ter oficializado o divórcio com o príncipe Carlos, herdeiro ao trono britânico. Mas o título de princesa do povo ninguém lhe tira, nem que seja por ter sido a primeira a desafiar o sistema monárquico.

O dia do casamento entre Diana Spencer e Charles Windsor foi quase um prenúncio de que a partir daquele dia nada seria igual na realeza britânica. 

Começou logo pelo votos entre o casal, onde a jovem em vez de prometer “obedecer” ao marido, disse que iria antes “amá-lo, confortá-lo, honrá-lo e cuidar, na doença e na saúde”. 

Seguiram-se depois um rol de atitudes ditas fora do protocolo. Participou ativamente na educação dos filhos, escolhendo a escola e a ama que iria cuidar deles. Envolveu-se pessoalmente em várias ações de solidariedade, tornando-se na primeira monarca a contactar diretamente com doentes com HIV/SIDA na tentativa de diminuir o estigma relativamente à doença – um trabalho atualmente feito pelo seu filho mais novo, Harry. 

Tornou-se ainda num ícone de moda, especialmente durante as viagens ao estrangeiro, com vestidos que marcaram a história  – quem não se lembra do vestido que usou durante a dança com John Travolta, numa deslocação oficial aos EUA? 

Isto sem falar nos escândalos de affairs admitidos pela própria e os namorados assumidos no pós casamento real. 

Quase vinte anos depois, o Reino Unido e o mundo parece que ainda estão a recuperar do choque do verão de 1997. Não há ano em que não se assinale a morte de Diana e não há dedos da mão suficientes para contar os livros, documentários, filmes e reportagens sobre a princesa que morreu cedo demais.

Kate, a nova Diana Mas o Reino Unido parece ter adotado uma nova princesa do povo com Kate Middleton. As comparações entre a Duquesa de Cambridge e a sua falecida sogra são constantes, especialmente na indumentária. 

As publicações de moda deliciam-se com os vestidos utilizados por Kate – que esgotam em segundos – e são poucas as que perdem a oportunidade de publicarem ao lado uma fotografia de um vestido semelhante utilizado pela Princesa de Gales. A imprensa não se cansou de fazer um paralelismo entre o vestido azul às pintas que a duquesa usou à saída da maternidade, após o nascimento do príncipe George em 2013, e o vestido também às pintas, mas verde, utilizado por Diana no pós-parto do príncipe William em 1982.

Kate também está envolvida em ações de solidariedade com crianças, em particular no que toca a problemas psicológicos. 

A mulher de William foi recentemente a cara de um vídeo da Place2Be, uma organização não-governamental que ajuda crianças em risco patrocinada pela duquesa, e abordou alguns dos problemas de que são vítimas como bullying, violência doméstica, e que podem resultar em depressão e ansiedade.

Legado de solidariedade E não é apenas a duquesa a continuar o legado de Diana nas ações de solidariedade. Em maio, William, Kate e Harry lançaram a campanha “Heads Together” (Cabeças Unidas), onde irão trabalhar com várias instituições no combate ao estigma das doenças de foro psicológico.

Um mês depois, William foi capa da revista gay Attitude. Foi o próprio a convidar membros da comunidade LGBT a irem até ao palácio de Kensington para conversarem sobre bullying e o impacto que a homofobia pode ter na saúde mental.

Harry, por sua vez, durante um evento de caridade relacionado com saúde mental no passado mês de julho, chegou mesmo a dizer que lamenta não ter falado da morte da mãe mais cedo. “Nos primeiros 28 anos da minha vida, nunca falei sobre isso”, disse o príncipe, acrescentando que este evento, onde participaram vários desportistas ingleses, é uma maneira de mostrar que todos podem sofrer de problemas mentais.

As princesas do povo do sec. XXI Muitas das atitudes de Diana podem ter sido consideradas um escândalo na época, mas serviram de plataforma de modernidade para outras famílias reais, abrindo alas a  futuras princesas ‘do povo’. 

Veja-se o caso de Mette-Marit, que casou com o herdeiro à coroa norueguesa, o príncipe Haakon – ele próprio filho de uma mulher sem estatuto real –, a 25 de agosto de 2001. A atual princesa era uma empregada de mesa de 28 anos, mãe solteira de um menino de quatro anos, cujo ex-companheiro e pai do filho tinha um passado ligado às drogas, quando foram viver juntos para um apartamento em Oslo. A popularidade da casa real chegou mesmo a descer para níveis recorde quando se soube que Mette-Marit tinha participado em festas onde houve consumo de drogas, segundo um artigo do New York Times com o título “Na Noruega, aí vem uma noiva real fora do vulgar”.

Na Suécia, Vitória, a princesa herdeira do trono, casou-se com o seu personal trainer em 2010, após autorização do governo. Mas o que fez correr tinta na imprensa nacional e internacional foi o casamento do príncipe Carlos Filipe com Sofia Hellqvist em 2015. 

Apesar da sua educação em Nova Iorque e de ter uma fundação de apoio a crianças, o que foi notícia foi o facto da sueca ter sido stripper, ter participado num reality-show e ter pousado nua para uma revista masculina.

Menos escandaloso foi o casamento entre Frederico, o príncipe herdeiro da Dinamarca, e a australiana Mary Donaldson em 2004. O relacionamento foi descrito na imprensa como a versão moderna da Cinderela. O casal conheceu-se num bar em Sydney, durante os Jogos Olímpicos de 2000 e na altura, a jovem de 28 anos e membro da direção de uma imobiliária de luxo não reconheceu o príncipe. Mantiveram um relacionamento à distância e secreto durante um ano, até Mary mudar-se para a Dinamarca, onde trabalhou para a Microsoft. 12 anos depois, o casal conta já com quatro filhos.

Mais falado foi o casamento do herdeiro ao trono espanhol Felipe com Letizia Ortiz. Quando conheceu o príncipe, Letizia era divorciada e trabalhava como jornalista e pivô da TVE, mas nada disto os impediu de começarem o relacionamento (ainda que secretamente) em 2002 e de terem casado com a aprovação dos reis de Espanha em maio de 2004. Após a coroação de Felipe em junho de 2014, Letizia tornou-se Rainha de Espanha.