Seleção: não são precisos balões quando há tanta vontade de voar

Suíços provocaram no Twitter e a reação lusa foi impagável. Rota para a Rússia’2018 começa hoje

O jogo entre Suíça e Portugal, em Basileia, só começa hoje às 19h45. Dentro do campo, bem entendido, porque fora dele, teve início ontem, com o primeiro toque a ser dado pelos suíços: através da sua conta oficial no Twitter, a federação helvética publicou um vídeo onde se podia ver um balão de ar quente a sobrevoar o relvado enquanto decorria o seu treino de domingo. Ato de espionagem portuguesa, atiraram de forma irónica, e a resposta da federação lusa não se fez esperar: “Não precisamos de balões de ar”, respondeu-se no primeiro “tweet”, antes de enumerar três elementos da comitiva nacional que possuem o dom da levitação. “O nosso guarda-redes voa” foi a legenda a uma imagem de Rui Patrício no ar, a defender um remate contra a França na final do Europeu; “O nosso capitão voa”, aludindo ao golo de Cristiano Ronaldo ao País de Gales, num salto de uma magnitude tal que correu mundo; “O nosso treinador voa”, numa imagem de Fernando Santos a vibrar… em altura frente à França. Entretanto, a Suíça respondeu, legendando assim uma fotografia de cadeiras de avião vestidas com camisolas suíças: “Vocês são os heróis do mar, o espaço aéreo é nosso.” Não sabemos quanto ao leitor, mas para nós, Portugal saiu por cima no jogo do Twitter.

Muita confiança é de desconfiar Os suíços, na verdade, têm apostado bastante nas palavras. Ainda ontem, por exemplo, o médio Dzemaili garantiu não ter medo de Portugal e atribuiu o título europeu conseguido em França a fatores externos. “Não podemos esquecer que Portugal foi bafejado pela sorte ao longo do Europeu. Qualificou-se para os oitavos de final somente com três pontos”, realçou o jogador de 30 anos ao jornal “Le Matin”. Ao mesmo tempo, Dzemaili considera que a Suíça jogou muito bem em França – apesar de ter caído nos oitavos de final – e que irá dominar o jogo desta noite: “Portugal vai deixar que tenhamos bola”.

O histórico é favorável a Portugal mas também à Suíça. Confuso? Nem por isso. É que a Seleção nacional apenas por duas vezes – em 11 tentativas – ganhou em solo helvético, e só uma delas em jogos oficiais. Por outro lado, há quatro campanhas consecutivas de apuramento para o Mundial que arranca com uma vitória. Tem sido bom presságio, pois precisamente desde 2002 não falha uma fase final da maior competição de seleções a nível mundial.

A última derrota lusa num arranque de qualificação data já de longe. Bem longe: remonta a 16 de outubro de 1976, há praticamente 40 anos, e marcou o início da caminhada para o Argentina’78, com a Seleção então orientada por José Maria Pedroto a perder em casa com a Polónia por 0-2. Outros tempos: hoje, Portugal é campeão europeu e chega à Suíça cheio de convicção, espelhada nas palavras de Nani numa entrevista à FIFA. “Vencer o Mundial é um dos nossos objetivos. Quando se começa a vencer, não se pode mudar de atitude. Obviamente, não há uma garantia de que se vai ganhar sempre, mas a ambição e atitude têm de estar lá sempre. O futebol é um jogo de sonhos e temos de continuar a sonhar para alcançar grandes coisas, como o Euro. Vamos tentar levar Portugal o mais alto possível”, prometeu o homem que tem tomado conta da embarcação na ausência forçada de Ronaldo.

Há mais números, mas também são negativos: frente à Suíça, Portugal soma seis vitórias, cinco empates e nove derrotas em 20 jogos. Está na hora de virar a sorte a nosso favor.