A crise da Venezuela através dos cães abandonados

As famílias venezuelanas lutam para terem dinheiro para comer e os animais domésticos são os primeiros a sofrer

A crise da Venezuela através dos cães abandonados

A crise económica na Venezuela está a afectar os seus habitantes, que enfrentam escassez de água e comida, além de saques diários e violência. Os animais também não escapam e enfrentam a sua própria crise. Os seus donos lutam para sobreviver e a primeira consequência é o abandono dos animais domésticos. Muitos do que deixam o país deixam cães e gatos abandonados à sua sorte.

O custo para alimentar um cão é agora um luxo, proibitivo para as bolsas dos que ficam: um saco de 20 quilos custa 45 euros, quase duas vezes o salário mínimo mensal, segundo a Reuters. 

Para ajudar a combater este flagelo na Venezuela, Maria Arteaga, 53 anos, fundou um abrigo nos arredores de Caracas, com a ajuda de voluntários para ajudar a recolher os cães abandonados um pouco por todo o país.

"A crise atingiu-os duramente", conta Arteaga, que começou a cuidar dos cães abandonados levando-os para a sua própria casa antes de fundar o abrigo em Los Teques, a capital do Estado de Miranda. "As pessoas abandonam os seus cães porque não têm dinheiro para comprar comida e por estarem a deixar o país."

Com intervalos de poucas horas, os carros encostam e as pessoas vão entregando os seus cães, alguns com pedigree. Do outro lado, voluntários chegam diariamente para doar e distribuir comida para os animais.

O fotógrafo Carlos Garcia Rawlins fez um portefólio no abrigo e as imagens são devastadoras. Muitos dos cães retratados não resistiram muito tempo a seguir às fotografias terem sido tiradas.

Num dos principais zoológicos do país, os animais estão a morrer à fome. Muitos passam dias sem comer, enquanto leões e tigres são alimentados com mangas e abóboras para compensar a falta de carne. 

Os venezuelanos já foram para as ruas para pedir o referendo revogatório do presidente Nicolás Maduro ainda este ano.