Escritórios. Rendas sobem e atingem máximos de 5 anos

Lisboa contraria tendência e apresenta uma estabilização. Mas há exceções para algumas zonas.

As rendas dos escritórios prime na Europa aumentaram 1,5% nos primeiros seis meses do ano face ao trimestre anterior. Além de acelerar em relação aos 0,7% de variação trimestral observados no primeiro trimestre do ano, esta é também a subida mais forte dos últimos cinco anos, superando as regiões da América e da Ásia-Pacífico. Estocolmo foi o mercado europeu a registar o crescimento mais expressivo, com as rendas a aumentarem 9,4% em termos trimestrais, seguido de Berlim (mais 6,3%), revela um estudo da JLL.

“A procura de escritórios está a mostrar-se bastante resiliente em muitos dos principais mercados de imobiliário comercial do mundo, apesar de a crescente incerteza política e económica estar a gerar uma atitude mais cautelosa por parte dos ocupantes corporativos”, disse Jeremy Kelly, diretor de Global Research Programmes da JLL. “O mercado está bastante sólido e a procura corporativa está a resistir bem, especialmente na Europa continental. Estocolmo, em particular, foi o mercado-estrela da Europa no trimestre, com um pico na procura a impulsionar as rendas em 9,4%.”

Também Berlim apresentou um crescimento nas rendas no segundo trimestre (+6,3%), liderando entre as cidades alemãs monitorizadas, onde a procura continua a estar bem acima da média de longo prazo. Em Paris (+3,4%), uma oferta nova limitada e uma absorção mais robusta impulsionaram as rendas prime pelo quarto trimestre consecutivo. Na Europa do sul, Milão (+2,0%) continuou o bom momento de recuperação, enquanto Barcelona (+3,7%) e Madrid (0,9%) mantiveram um percurso sólido.

Capital portuguesa estável. Já em Lisboa, a renda prime de referência manteve-se inalterada em termos trimestrais, situando-se nos 18,5 euros mensais por metro quadrado. Ainda assim, o relatório chama a atenção para que, em termos homólogos, a tendência é de subida (+1,4%). Além disso, apesar da estabilização no valor de referência, há zonas na capital que têm apresentado crescimentos nos valores. É o caso do Parque das Nações e do Corredor Oeste, ao registarem aumentos trimestrais de 3,6%, e 9,1%, respetivamente.

O relatório global da JLL mostra ainda que, na sequência do referendo relativo à saída do Reino Unido da União Europeia, as rendas de referência em Londres se mantêm inalteradas até agora, quando comparadas com o primeiro trimestre do ano. Além disso, diz o documento, os períodos de carência de rendas neste mercado podem ser atenuados à medida que os ocupantes procuram negociar termos mais flexíveis nos contratos de arrendamento. “O voto a favor do Brexit teve, até agora, poucos efeitos no crescimento das rendas fora do Reino Unido”, sublinha.

Quanto ao segundo semestre, a consultora prevê um crescimento sustentado das rendas nos mercados de escritórios prime na Europa, com variações entre 2,5% e 3% na Europa ocidental a poderem superar a média a 10 anos durante os próximos cinco anos. Estocolmo e Madrid deverão ser os mercados com melhor performance da região em 2016. Já em Londres, o estudo admite que “as rendas e os incentivos poderão ficar sob pressão em alguns segmentos de mercado”.