Alegre contra proposta do Bloco para acabar com os comandos

“Não podemos conceber as Forças Armadas sem tropas de elite, sem os comandos”, diz.

Manuel Alegre insurge-se contra a proposta do Bloco de Esquerda para extinguir os comandos. Ao i, o histórico do PS defende que “as Forças Armadas precisam de tropas de elite” e alerta para que “não podemos partir de um acidente trágico para soluções extremas”.

A extinção dos comandos foi colocada em cima da mesa por Catarina Martins na sequência da morte de dois militares durante a instrução. A líder do BE defendeu que “reconhecer a tragédia exige extinguir o Batalhão de Comandos”.

Alegre discorda e argumenta que “a qualidade das Forças Armadas está na competência das suas forças de elite, quer para cumprirem missões de paz, missões internacionais, quer mesmo de defesa da soberania nacional. Temos de pensar as Forças Armadas no seu todo e não podemos conceber as Forças Armadas sem tropas de elite, sem os comandos”.

Para o ex-deputado, é indispensável “averiguar se houve excessos ou uma eventual negligência médica”, mas é só “isso que está em causa, e não a extinção dos comandos que, aliás, tiveram um papel fundamental na consolidação da democracia. Quem vai para esta tropa de elite vai por opção voluntária e sabe que aquilo é duro”.

Os acidentes na instrução devem levar, porém, a uma reflexão sobre “os métodos utilizados e os cuidados a ter em situações de emergência” e sobre o papel das Forças Armadas e das tropas de elite, refere o histórico do PS.

A extinção dos comandos foi um dos temas que dominaram a audição do ministro da Defesa, esta semana, no parlamento. Azeredo Lopes afastou essa possibilidade. “Não consigo partir da premissa de que, quando uma coisa corre mal, deve ser extinta. Se fosse assim, estava muita coisa extinta em Portugal. Quando há uma coisa que corre mal, deve ser corrigida.”

O Bloco de Esquerda, pela voz do deputado João Vasconcelos, voltou a defender a extinção desta tropa especial. O parlamentar bloquista recordou que os comandos participaram numa guerra “injusta” e “criminosa”, referindo-se à Guerra Colonial. Para justificar a extinção, Vasconcelos argumentou que “temos outras forças especiais” e os comandos “não se compadecem com o quadro democrático que nós temos”. Em resposta, Azeredo Lopes deixou claro que não acompanha a posição do BE e rejeitou “aplicar a forças especiais um qualquer ferrete por factos ocorridos há dezenas de anos”.