Passos defendeu imposto que agora ataca

Há dois anos, Passos Coelho aproveitou o Congresso do PSD para um regresso aos valores da social-democracia. Entre esses valores estava uma ideia que por estes dias tem feito PSD e CDS falarem em “chavismo” ou regresso ao PREC. A ideia de criar uma sobretaxa para quem tem património mais elevado

Passos defendeu imposto que agora ataca

"Faz ou não faz sentido, perante os valores da social-democracia, que aqueles que têm rendimentos mais elevados tenham de ter em cima de todos os impostos que já pagam, nomeadamente no IRS, uma taxa de solidariedade adicional?", defendia na altura Passos Coelho, que chegou a concretizar em um milhão de euros o valor acima do qual o património deveria ser alvo desta taxa adicional de imposto.

"Como faz sentido naqueles que tinham ativos imobiliários acima de um milhão de euros, que têm uma tributação agravada por causa disso", disse o primeiro-ministro que criou o imposto de selo para imóveis acima de um milhão de euros e que agora a esquerda estuda substituir por um novo imposto sobre o valor patrimonial global registado em nome de cada contribuinte.

Na altura, a lógica de Passos era muito semelhante à ideia que Mariana Mortágua levou à rentrée do PS e que tanta celeuma levantou ao pedir para se "perder a vergonha" de ir buscar receita aos que acumulam riqueza para aliviar os pobres e a classe média.

"Podemos aliviar o esforço que podia ser pedido àqueles que têm menos

pedindo um contributo adicional àqueles que têm mais", defendia o líder do PSD em fevereiro de 2014.

Agora, confrontado com o ataque que tem sido feito à ideia que está a ser estudada por PS, BE e PCP, Passos esclarece que o princípio se mantém, mas que a conjuntura, que deixou de ser de emergência, já não obriga a este tipo de sobretaxa.

"O princípio que eu enunciei mantém-se. Quando uma sociedade passa, como nós passámos, por situações de muita dificuldade, é rigorosamente àqueles que têm mais que nós pedimos um contributo maior", começou por responder à SIC, depois de confrontado com a contradição no seu discurso, para em seguida defender que agora esse imposto não faz sentido.

"Mas eu penso é que já estamos noutra fase. Não estamos em 2011 nem em 2012 nem em 2013", frisou, lembrando que "o próprio governo diz que acabou a austeridade " pelo que já não há necessidade de carregar os impostos sobre quem mais tem, sob pena de com isso prejudicar o investimento.