Seguro para telemóvel é um produto caro e com muitas exclusões

Além da despesa a mais a partir do momento em que subscreve o produto, prepare-se para uma verdadeira dor de cabeça se tiver de acioná-lo

Subscrever ou não um seguro para o seu telemóvel no momento da compra? Esta é uma das dúvidas que surge nessa altura e corre o risco de estar a pagar por um produto que não lhe interessa. No fundo, está a deitar dinheiro à rua. Esta questão pode ganhar uma dimensão ainda maior quando, mais tarde, poderá ser confrontado com as dificuldades que, por vezes, surgem no momento de acionar o produto.
A plataforma de simulação financeira ComparaJá.pt fez uma ronda pelas várias ofertas existentes no mercado e que são disponibilizadas pelos grandes retalhistas portugueses. De acordo com o estudo a que o i teve acesso, para equipamentos entre os 150 e os mil euros, o seguro disponibilizado pela Domestic & General – seguradora que cobre os produtos da Worten, Rádio Popular e Media Markt – é considerado a alternativa mais económica, não apenas por não ter franquia, mas porque as mensalidades são, em média, mais reduzidas do que as outras. “Dentro desta seguradora, os dois maiores clientes são a Rádio Popular e a Worten, sendo que a primeira apresenta as prestações mensais mais baixas”, lê-se no documento.
O diretor geral da plataforma, Sérgio Pereira, afirma ainda que “analisados de uma forma genérica, conclui-se que os preços destes seguros para o consumidor que adquira um smartphone de gama superior rondam entre sete e 21 euros por mês. Um consumidor que faça um seguro a dois anos para um equipamento que custe até mil euros na Staples terá de pagar mais de 500 euros”, explica Sérgio Pereira, diretor geral do ComparaJá.pt (ver quadro ao lado).

Outras modalidades Mas existirão alternativas mais baratas? É aqui que entram os planos de proteção de compras disponibilizados pelos cartões de crédito. E o estudo chegou à conclusão que é possível o consumidor poupar cerca de 180 euros anuais se recorrer a este tipo de pagamento, uma vez que, é disponibilizada esta proteção de forma gratuita. “Os consumidores muitas vezes não sabem que a maior parte dos cartões não são apenas um simples produto que permite fazer compras, constituindo-se como um verdadeiro serviço que pode trazer muitas vantagens para o consumidor. São, efetivamente, muito mais do que um método de pagamento”, esclarece.
Os chamados planos de proteção de compras permitem, na compra de um determinado artigo com o cartão de crédito, dispor desse seguro para o equipamento adquirido. “Se estiver no meio do centro comercial, num dia de confusão, já a adiantar-se na compra das prendas de Natal e percebe que lhe roubaram o telemóvel? Suponha ainda que tinha encomendado este smartphone online e a encomenda extraviou-se. Pois bem, este é o género de garantias que um plano de proteção de compras disponibiliza”, revela o documento.
Já em caso de danos acidentais que estraguem o equipamento, os custos de reparação ficam assegurados ou, caso não haja solução de conserto, o segurado é reembolsado no valor que pagou pelo bem.
E as vantagens não ficam por aqui. Há muitos cartões de crédito que oferecem outros benefícios, como programas de milhas ou de cashback. No entanto, apenas alguns cartões de crédito incluem este seguro (ver quadro ao lado). Ainda assim, as proteções mais comuns e que geralmente estão sempre incluídas são as de roubo e assalto, bem como danos acidentais (que não tenham sido causados intencionalmente pela pessoa segura ou mesmo por um familiar).
“Das ofertas do mercado existentes, a do Barclaycard – seja este da modalidade Flex ou Rewards – surge como uma das mais completas ao incluir todas as coberturas assinaladas. Todavia, na altura da comparação, é sempre importante pesar outras características do produto, tais como o valor da anuidade e dos juros, isto porque um dado cartão pode oferecer uma ampla gama de seguros, mas ter despesas mais elevadas do que outros”, refere o responsável.

Dificuldade em acionar O que é certo é que acionar um seguro que foi adquirido na compra de um equipamento eletrónico (telemóvel ou computador) nem sempre é uma tarefa fácil. Só no ano passado, a Associação de Defesa do Consumidor (DECO) recebeu mais de 200 reclamações de clientes que contrataram seguros de equipamentos eletrónicos que, quando acionados, “tinham tantas exclusões que se revelaram inúteis”. A entidade chega mesmo a dizer que “os consumidores estão a ser pressionados para contratar produtos inúteis e que desrespeitam a lei”, mas admite que no ato da compra é frequente os clientes serem “aliciados com a proposta irresistível de contratar um seguro que cobrirá qualquer situação não abrangida pela garantia legal, como roubo, avarias ou danos acidentais”.
A associação garante também que, no momento de ativar as coberturas, as exclusões limitam bastante a abrangência do seguro, alerta a associação. De acordo com a mesma, em caso de acidente a envolver o equipamento, encontra-se, muitas vezes, excluído o pagamento de avarias, falhas e defeitos não cobertos pela garantia do fabricante ou distribuidor ou, ainda, de danos ocultos. Ou seja, que não são percetíveis pelo consumidor no momento da compra. Já na cobertura de avaria elétrica estão, habitualmente, excluídos os danos causados por picos de tensão elétrica. Quanto à cobertura de furto ou roubo, as exclusões mais frequentes são o desaparecimento do equipamento sem que tenha sido usada força sobre o consumidor, o furto sem a presença de testemunhas e o furto ou roubo ocorrido em local público ou num local de fácil acesso.