BPI: tabu de Isabel dos Santos e BIC sobre venda de ações

Os dois acionistas não sabem se vão ou não alienar a sua posição ao CaixaBank em resultado da OPA sobre o banco liderado por Ulrich

Continuam a existir incertezas em relação ao controlo que o CaixaBank irá ter sobre o BPI, em resultado da oferta pública de aquisição (OPA) do banco catalão sobre a instituição financeira liderada por Fernando Ulrich. Depois de Isabel dos Santos, que detém 18,6% do banco, ter revelado que ainda não sabe se vai manter, reduzir ou vender a sua posição na instituição, é a vez de o BIC afirmar que ainda não decidiu se vai vender aos catalães os 2% da sua posição.

“Ainda não decidimos”, afirmou à agência Bloomberg Fernando Teles, o presidente da administração do BIC em Angola, que tem uma estrutura acionista idêntica ao BIC português, referindo-se à posição a assumir na oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo grupo catalão. 

Fernando Teles não se compromete, assim, com o que vai acontecer com a participação de 2,284% no BPI – uma declaração que acaba por ir ao encontro do que foi revelado pelo representante de Isabel dos Santos sobre a posição de 18,6% que tem, através da Santoro. “O conselho de administração da Santoro, em conjunto com o seu acionista, Isabel dos Santos, ainda não decidiu se manterá, reduzirá ou venderá a sua posição acionista no BPI”, declarou este fim de semana, ao “Expresso”, o representante na administração do BPI, Mário Leite da Silva.
A posição contraria o que foi afirmado pela empresária Isabel dos Santos que, no dia seguinte à assembleia-geral do BPI, tinha saudado a solução encontrada para resolver a situação no banco. Isabel dos Santos disse ainda que estavam então “reunidas as condições para que ambas as instituições, o BPI e o BFA [Banco de Fomento Angola], consolidem a sua posição nos mercados português e angolano, contribuindo para o crescimento das economias de ambos os países”. 

Recorde-se que o CaixaBank oferece 1,134 euros por cada ação do banco, depois de ter sido obrigado a melhorar a contrapartida devido à desblindagem dos estatutos (fim do limite de 20% dos direitos de voto). Neste momento, os catalães têm cerca de 46% do banco português liderado por Fernando Ulrich e esperam, na OPA, alargar essa posição.

Saída do PSI20 Se a administração do CaixaBank ficar com 80 a 90% do capital, o mais natural é que o BPI abandone o PSI20. A saída não é obrigatória; no entanto, “o mais normal e o mais provável nestas situações é que a administração do banco, que passa a ter uma posição de 80 ou 90% do capital, não tenha interesse em que o restante seja negociado em bolsa, porque isso acarreta riscos”, já garantiu ao i Pedro Ricardo Santos, gestor da XTB Portugal. 

A acontecer, os restantes acionistas que ainda queiram ter ações do banco deixarão de poder negociá-las em bolsa. “Perante esse cenário, no futuro, quem quiser vender as ações do BPI terá de encontrar um comprador e o preço terá de ser negociado entre as partes, sem que seja o mercado a estabelecer o valor”, acrescentou o analista. 

Este não é um caso isolado. A Brisa deixou de ser uma empresa cotada em bolsa em 2013, depois de ter sido alvo, no ano anterior, de uma OPA por parte da Tagus.