DGS reforça combate à gripe. Conheça os alertas e as novidades

Vacinação arranca nos centros de saúde na segunda-feira. SNS comprou 1,2 milhões de vacinas e quer chegar às pessoas mais vulneráveis

Vem aí o Inverno e, se no ano passado os vírus respiratórios não causaram muita preocupação às autoridades de saúde, há anos em que são responsáveis por milhares de mortes – sobretudo entre os grupos mais vulneráveis da população como idosos e doentes crónicos. No inverno de 2014/2015, por exemplo, frio e gripe terão estado por detrás de um aumento de mais de 5000 mortes. A Direção-Geral da Saúde apresentou hoje o Plano de Saúde & Inverno para os meses frios do ano. Por agora o calor ainda aperta, mas eis o que precisa de saber:

A vacina da gripe previne os casos mais graves e este ano estará disponível sem custos para mais pessoas

A DGS recomenda a vacina para pessoas com mais de 65 anos, doentes crónicos e imunodeprimidos, grávidas e profissionais de saúde. A subdiretora-geral de Saúde Graça Freitas explicou que a vacina não previne o contágio mas evita os casos mais graves, situações em que sobretudo as pessoas mais debilitadas podem acabar internadas nos hospitais.

Este ano a DGS decidiu alargar os grupos para os quais estão disponíveis vacinas gratuitas no SNS. Além de idosos com mais de 65 anos e doentes em diálise, poderão solicitar a vacina no centro de saúde doentes que estejam à espera de transplante ou doentes com cancro que estejam a fazer quimioterapia. Terão igualmente acesso a vacinas gratuitas portadores de síndrome de Down, fibrose quística ou doenças neuromusculares que afetam o sistema respiratório. A DGS explica que estas condições são algumas das que descompensam mais facilmente com os quadros febris associados à gripe, daí ter reforçado o incentivo para que as pessoas procurem a vacina.

A vacina pode ser feita até ao final do Inverno

As vacinas começam a ser distribuídas na segunda-feira nos centros de saúde mas podem ser tomadas até ao final do inverno. A DGS recomenda a vacinação até ao final de novembro, altura em que a atividade gripal começa a ser maior. Na apresentação do plano, Graça Freitas pediu aos utentes para fazerem a marcação prévia junto dos centros de saúde, explicando que não há problema em fazer a vacina apenas dentro de algumas semanas. No ano passado, o Estado comprou 1,1 milhões de vacinas e praticamente esgotaram, disse Graça Freitas. Este ano a encomenda para as diferentes regiões totaliza 1,2 milhões de doses. Atualmente a taxa de cobertura da vacina nas pessoas com mais de 65 anos ronda os 61%. O objetivo internacional é chegar aos 75%.

Residentes em lares e pessoas internados nos hospitais também devem fazer a vacina

Alguém que esteja num grupo de risco e não possa deslocar-se ao centro de saúde, por estar institucionalizado ou internado num hospital, também tem direito à vacina. A articulação deve ser feita entre a instituição e os agrupamentos de centros de saúde. Graça Freitas disse que os lares têm tido uma forte adesão à campanha. No ano passado a taxa de vacinação nos lares superou os 90%. Os hospitais devem também encarregar-se de vacinar os doentes internados.

A gripe cura-se em casa

No pico do Inverno costumam multiplicar-se as notícias sobre urgências entupidas. Um dos alertas da DGS é que a maioria dos casos de gripe são curados em casa – ou seja, não precisam de cuidados médicos diferenciados. Antes de ir a uma urgência, a autoridade de saúde recomenda sempre o contacto com a linha de saúde 24 (808242424). Até porque nestas alturas do ano costumam circular nos hospitais ainda mais vírus respiratórios, que podem piorar o estado de saúde dos doentes.

Cuidado com os acidentes

Não é só a gripe que costuma levar mais pessoas aos hospitais nos meses de inverno. Continuam a ser frequentes intoxicações com braseiras ou queimaduras resultados de incêndios causados por aquecedores elétricos. Prevenir os acidentes nesta área é uma das prioridades do plano da DGS para o Inverno.

Também se fica desidratado quando está frio

Parece uma recomendação básica, mas Graça Freitas sublinhou que durante o Inverno há muitas pessoas que surgem desidratadas nos serviços de urgência dos hospitais porque se esquecem que é preciso beber água, sobretudo pessoas mais vulneráveis como idosos ou crianças. A hidratação não deve ser só uma preocupação nos meses quentes, lembrou a responsável. Nas próximas semanas a DGS vai lançar uma campanha com este e outros alertas no campo da nutrição.

Doentes crónicos devem antecipar chegar do Inverno com uma ida ao médico

Um dos problemas da gripe e das constipações de Inverno, associadas ao frio, é poderem descompensar problemas cardíacos e respiratórios de base. Prevenir deve por isso começar por garantir que as pessoas estão o mais controladas que for possível nesta altura do ano, sendo aconselhável uma ida ao médico de família por rotina para verificar se a medicação é a adequada e até para garantir a vacinação, que só pode ser feita com receita médica.

Profissionais de saúde devem fazer a vacina

No Estado podem ir aos centros de saúde, nos hospitais privados os empregadores têm a responsabilidade de assegurar a vacinação. Estando em contacto com doentes, aumenta o risco de serem também eles fontes de transmissão dos vírus.

Vacina com comparticipação de 37% nas farmácias

Para a população sem acesso a vacinação gratuita através dos centros de saúde, o Estado comparticipa em 37% a vacina disponível nas farmácias (que é igual à dos centros de saúde). O custo é de 3,87 euros e a vacina poderá ser administrada nas farmácias ou nos gabinetes de enfermagem dos centros de saúde. Graça Freitas sublinha que não existem contra-indicações à toma. Nos últimos anos as pessoas têm perdido o medo da gripe, assinalou, mas houve anos mais difíceis em que chegava a haver filas para tomar vacinas. Se na prevenção está o ganho, a última decisão cabe a cada um.