Sistema financeiro à beira de um ataque de nervos

Sinais de alarme já são antigos, mas situação agravou-se agora.

O Deutsche Bank tem 1,8 biliões de euros em ativos. Feitas as contas, representa metade do produto interno bruto (PIB) alemão. Mas a exposição bruta do banco a derivados ainda é maior e ultrapassa os 40 biliões de dólares. Todos estes números acabam por pôr o sistema financeiro de todo o mundo “quase à beira de um ataque de nervos”.

E se os sinais de alarme já eram visíveis depois das perdas recorde em 2015 e depois do alerta do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao dizer, em junho, que o Deutsche Bank era a instituição financeira que atualmente mais riscos colocava para a estabilidade mundial enquanto fonte potencial de choques externos, os problemas ganharam novos contornos com o anúncio de que a justiça americana queria impor uma multa de 14 mil milhões de dólares (cerca de 12,5 mil milhões de euros) por irregularidades na negociação de instrumentos associados a hipotecas.

Aliás, John Cryan e os restantes membros da administração do Deutsche Bank estão a ser pressionados para garantirem o mais rápido possível um acordo favorável com as autoridades reguladoras dos Estados Unidos, para que retirem do mercado o clima de incerteza que atualmente se sente em relação ao banco.

Ainda esta semana, de acordo com o jornal “Frankfurter Allgemeine Zeitung”, o presidente irá viajar para Washington numa tentativa de fechar as negociações relativas à indemnização que o banco alemão terá de pagar às autoridades norte-americanas.

O Deutsche Bank é acusado, como outros grandes bancos, de ter vendido a investidores, antes do início da crise financeira de 2007/08, empréstimos hipotecários, que são créditos convertidos em produtos financeiros, sabendo que eram tóxicos.