Padel. “Portugal pode aspirar a quarto lugar no Mundial”

Em novembro os melhores reúnem-se em Cascais depois da candidatura da Federação Portuguesa de Padel ter ganho a organização de um dos mais importantes eventos da modalidade

De 14 a 19 de novembro a Quinta da Marinha, em Cascais, vai ser o ponto de encontro entre os melhores da modalidade. A contagem decrescente para a XIII edição do Mundial de padel já começou e – fora de campo – Portugal estreou-se a ganhar. A candidatura da Federação Portuguesa de Padel (FPP) foi a grande vencedora à organização do torneio eliminando seleções como Estados Unidos, Bélgica, Suécia e Paraguai.

Mas dentro de campo quais são as expectativas para a seleção nacional?

Aos 29 anos Diogo Schaefer é um dos jogadores convocados para defender as cores portuguesas. Iniciou-se no ténis e chegou a participar num dos eventos desportivos com mais destaque em Portugal, Estoril Open, mas quando entrou para a faculdade optou por guardar a raquete no saco. Anos mais tarde voltou a vestir o equipamento, mas a raquete ganhou nova forma. Aos 25 anos rendeu-se ao padel, e começou a treinar “de forma amadora entre amigos”. Dois anos depois dedicava-se à modalidade seis dias por semana entre campo e treino físico, separadamente. “Sem contar com as horas de análise e complementos ao treino como PNL, yoga e nutrição”, acrescenta. “Um vício”, saudável, onde já conquistou mais de 20 torneios embora seja esta a primeira vez que tem a oportunidade de representar Portugal num campeonado do mundo. Para Diogo não há dúvidas. Argentina, Espanha e Brasil são, por esta mesma ordem, o top 3 das seleções mais complicadas por representarem “potências no mundo do padel com argumentos superiores aos de Portugal”. Se não há dúvidas quanto a isso, outras certezas também existem e para o atleta do Lisboa Racket Centre “não há seleções imbatíveis”.

Só levanta cernários possíveis e, nessa medida, acredita que Portugal “pode aspirar a um quarto lugar no Mundial”. Um patamar que considera, caso aconteça, “extraordinário”. Realista e optimista não deixa de lado a hipótese de vencer, perante as seleções consideradas favoritas, e garante que os atletas “vão lutar com tudo o que têm”. A jogar em casa considera o fator público imprescindícel e acredita que o apoio dos portugueses pode ser o elemento chave para “surpreender as outras seleções”. Diogo destacou os três nomes que considera serem os jogadores que podem causar mais dores de cabeça aos adversários. A dupla argentina é incontornável. “Bela, sem dúvida”, adianta. Fernando Belasteguín, ou ‘Bela’, como ficou conhecido, é um dos nomes mais conhecidos no mundo do padel – lidera o ranking há 13 anos consecutivos e é o  “vencedor de praticamente todos os torneios do circuito mundial (WPT)”. Já arrecadou quatro campeonatos do mundo de padel. O conterrâneo Carlos Daniel Gutièrrez é a segunda ameaça que Diogo Schaefer define como um “verdadeiro talento” e um “jogador de altissíma qualidade” seguido do espanhol Juan Martin Díaz, “uma eterna referência no mundo do padel”, que fecha o leque dos ‘tubarões’, também ele, a par de Bela, 13 anos consecutivos a liderar a tabela mundial.

Tal como a maior parte dos praticantes de padel, e Diogo não foge à regra, o ténis foi a primeira experiência com a raquete. Confrontado com a associação e comparação (inevitável) entre as duas modalidades não tem dúvidas: “não é certo que um bom jogador de ténis seja, obrigatoriamente, um bom jogador de padel”, embora “todos os melhores jogadores portugueses terem começado no ténis não é uma condição essencial”. Essencial é sim a “capacidade de trabalho (muito trabalho), sofrimento e paixão pelo padel”. Para quê? Para poder estar entre os melhores no padel, na óptica de Schaefer.

A pouco mais de um mês do arranque da competição Diogo não esconde o “orgulho tremendo” que sente na responsabilidade que lhe foi atribuída. “É inigualável, só os desportistas sabem o que sentem nestes momentos e a força e motivação acrescida que têm”, concluiu.

Padel em Portugal Introduzido em princípios da década de 90 iniciou-se no clube de formação de Schaefer, o Lisboa Racket Centre, ‘empurrado’ por uma empresa espanhola que explorava a modalidade, conta ao i. O seu crescimento foi, ao longo dos anos, progressivo mas conheceu o seu auge em 2008 com a inauguração de campos de padel em vários pontos do país. “Há uma explosão de campos a abrir em clubes de ténis e resorts. Com isto começam a abrir-se campos no Porto, Guimarães, Alentejo, Madeira, Açores, Aveiro, Vilamoura…” o que justifica o aumento consideravel do número de praticantes de padel por todo o país  na opinião do atleta. Com um número estimado de praticantes, sejam eles “ocasionais ou regulares”, entre os 7.000 e os 10.000 Diogo acredita que esta é a prova de que o padel “é cada vez mais uma modalidade para todos.” A velha máxima “dos 8 aos 80 anos”.

A competir No plano da alta competição, Diogo Schaefer considera que a nível internacional um jogador pode estar no ativo até aos 38 anos, uma idade que sobe (e bem) quando fala na realidade portuguesa. “Até aos 45 anos, com os devidos cuidados”, mas alerta que “tudo depende das  características da pessoa, a qualidade do  trabalho e do treino, o nível e os cuidados que tem na manutenção do seu bem-estar”.

Perto de entrar em campo, literalmente, parece que já há factores que jogam a favor de Diogo, como dos jogadores da seleção nacional em geral. Habituados ‘a correr’ os vários campos dos clubes, a Quinta da Marinha é um espaço familiar e com boas recordações. Há um ano atrás esse mesmo campo recebeu o Campeonato Nacional onde Diogo marcou presença na grande final.

Esperamos pela repetição da proeza…