A nós o que é de Godard

E sendo assim, a presença de Anna Karina e de Jean-Pierre Léaud em Lisboa já nos bastava. Mas há mais do que uma retrospetiva à obra completa do realizador francês. Há Willem Dafoe e há Jim Jarmusch, Jerzy Skolimowski, Emir Kusturica, Benoît Jacquot e Ira Sachs numa lista que não termina. Nada a que o…

O Acossado
Jean-Luc Godard

Só por ter sido o primeiro e a valer pela lista completa, que afinal é isso que vamos poder ver nesta décima edição do Lisbon & Estoril Film Festival, em que o diretor, Paulo Branco, decidiu homenagear “esse monstro do cinema”. E se será inútil sonhar-se com um encontro com Jean Seberg, temos Anna Karina para nos falar sobre ele, ela e Jean-Pierre Léaud, porque além dos filmes, (praticamente) todos os filmes, haverá um simpósio internacional dedicado ao realizador com o título “Godard Vu Par…”.

Paterson
Jim Jarmusch

Jim Jarmusch com Adam Driver e Golshifteh Farahani será combinação dessas perfeitas que queremos muito ver e que nos chega com “Paterson”, filme que o realizador de Akron estreou este ano em Cannes e que segue Paterson (Adam Driver), condutor de autocarros numa cidade que existe mesmo com o seu nome em Nova Jérsia e que, além disso, também escreve poemas. Mas como não foi esse o único filme que Jarmusch fez este ano, há também “Gimme Danger”, documentário sobre Iggy Pop e os Stooges.

On The Milky Road
Emir Kusturica

O mais recente filme de Emir Kusturica vem apresentar o próprio ao LEFFEST, que também ao icónico realizador sérvio dedica uma retrospetiva. “On The Milky Road”, acabado de se estrear em Veneza, leva-nos de volta à guerra da Bósnia para nos contar, num tom muito realismo mágico, uma história de amor das que contam os contos de fadas entre um leiteiro (o próprio Kusturica) e uma mulher sérvia, que é Monica Bellucci. Um filme, disse o próprio, “baseado em três histórias reais e muitas fantasias”.

Até Nunca
Benoît Jacquot

Livremente adaptado por Julia Roy de um romance de Don DeLillo, “The Body Artist”, com Mathieu Amalric, Julia Roy e Victoria Guerra e produzido por Paulo Branco, “Até Nunca” estreou-se fora da competição na última edição do festival de Veneza e conta a história de um casal, Laura (Julia Roy) e Rey (Mathieu Amalric), a viver numa casa junto ao mar. Ele é um realizador um tanto obsessivo, ela, artista de performances, e um dia Rey morre e Laura fica sozinha naquela casa. Mas estará Laura mesmo sozinha?

The Woman Who Left
Lav Diaz

Fora da competição do Lisbon & Estoril Film Festival está o mais recente filme do filipino Lav Diaz, vencedor do Leão de Ouro em Veneza. “The Woman Who Left” (“Ang Babaeng Humayo”) são quase quatro horas que não são nada comparadas com as nove de “Death in the Land of Encantos” (2007) e as cinco e meia de “From What is Before” (2014), e que a preto e branco contam a história de uma mulher que, depois de três décadas a viver enclausurada, planeia a sua vingança do homem que amou.

Harmonium
Kôji Fukada

Vencedor da secção Un Certain Regard na última edição de Cannes, “Fuchi ni tatsu”, título original do último filme do japonês Kôji Fukada (“Hotori no Sakuko” e “Sayônara”), é um drama à volta de uma família convencional japonesa que se vê destruída depois do aparecimento de um velho amigo, acabado de sair da prisão. Um dos 13 títulos em competição nesta décima edição do Lisbon & Estoril Film Festival que, garante Paulo Branco, reúne “o que de melhor conseguimos ver em termos internacionais, este ano”.

American Honey
Andrea Arnold

O quarto filme da britânica Andrea Arnold (“Wasp”), que aqui decidiu contar uma história americana descrita pela “Variety” como “parte burlesco sonhador millennial, parte um musical de iTunes primorosamente ilustrado”, conta a história de Star (a jovem Sasha Lane, a quem se junta Shia LaBeouf), uma adolescente com muito pouco a perder que se junta a uma equipa que vende revistas em viagem e se vê apanhada no turbilhão em que se pode transformar a vida. Um filme, como se imagina, com muito Walmart, Calvin Harris – e Rihanna.

Elle
Paul Verhoeven

Isabelle Hupert é a estrela do mais recente filme do realizador de “RoboCop” e de “Instinto Fatal”, ainda este ano homenageado com uma retrospetiva à sua obra no IndieLisboa. Nesta história adaptada de “Oh…”, um romance de Philippe Djian, ela é Michèle Leblanc, uma empresária de sucesso apanhada num perigoso jogo do gato e do rato quando decide ir atrás do homem que a violou em sua casa. O filme que Paul Verhoeven estreou em Cannes este ano e que deu ao realizador e a Huppert o Grande Prémio da International Cinephile Society.

Nocturnal Animals
Tom Ford

O filme com que Tom Ford venceu o Leão de Prata no festival de cinema de Veneza gira em torno da história de Susan, uma galerista de sucesso de Los Angeles que, quando o marido está fora, recebe o manuscrito de um livro do primeiro marido, que não vê há anos, que conta a história de um professor que vê uma viagem familiar transformada num pesadelo, o que a leva a questionar-se sobre o seu passado. Uma espécie de Lynch com Hitchcock com Douglas Sirk, escreveu o “Hollywood Reporter” sobre este “Nocturnal Animals”.

Blue Velvet
David Lynch

Haveria muito a dizer sobre a velocidade a que o tempo passa se isto não fosse sobre David Lynch, também homenageado pelos 30 anos do seu “Blue Velvet”. É verdade que são mesmo 30, com uma projeção deste icónico neo-noir americano protagonizado por Kyle MacLachlan, Isabella Rossellini, Dennis Hopper e Laura Dern. E porque “Blue Velvet” – e Lynch, já agora – merecem a retribuição, também vamos ter direito a “Blue Velvet Revisited”, documentário de Peter Braatz que celebra justamente o aniversário do filme de 1986.