Raparigas de Chibok enfrentam regresso difícil

O escárnio e o estigma esperam as reféns do Boko Haram

No momento em que o governo nigeriano negoceia a libertação de dezenas de raparigas de Chibok surge a ideia de que muitas das estudantes que foram raptadas há dois anos pelo Boko Haram pode estar em risco na chegada a casa ou não querer sequer regressar. 

De acordo com um líder da comunidade local, qualquer coisa como cem das 300 raparigas pode ter sido entretanto radicalizadas ou então arriscam-se a sofrer o estigmade uma comunidade conservadora, que antecipa que a maioria das reféns tenha sido violada pelos combatentes do grupo extremista.

“Qualquer sinal de que tenham tido algum contacto sexual com algum homem – e estes homens são Boko Haram – vai acabar com represálias”, explicava esta terça-feira Pogu Bitrus, o presidente da Associação de Desenvolvimento de Chibok, citado pela Associated Press. “A probabilidade de regressarem a casa é escassa.”

O governo nigeriano está a negociar a libertação de 83 raparigas. O grupo fez um gesto inédito na semana passada ao libertar 21 reféns passados mais de dois anos de cativeiro. De acordo com um comandante do Boko Haram, citado durante o fim de semana por um jornal nigeriano, há ainda 200 raparigas de Chibok vivas e na posse do grupo.

Segundo este comandante, contudo, metade já fazem parte do grupo, “havendo casado e tendo-se radicalizado mal foram capturadas”. Mesmo que isso não seja verdade, Bitrus diz que as raparigas estarão em risco em Chibok.

O grupo de reféns libertado há uma semana assegura que não teve contacto sexual com o grupo e que não se converteram ao islão, mas mesmo as cerca de 60 raparigas que conseguiram fugir nas primeiras semanas de cativeiro sofreram escárnio e tiveram de abandonar a aldeia.