Mario Draghi fala em “progressos notáveis” mas deixa aviso a Costa

Presidente do BCE elogiou o que tem sido feito, mas fala da necessidade de “reformas ambiciosas”

Mario Draghi reconhece que Portugal conseguiu “progressos notáveis” nos últimos meses e sublinha que os esforços do governo “devem ser reconhecidos”. No entanto, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), não deixa de sublinhar que existem “vulnerabilidades que o governo conhece bem. O governo tem bem noção da necessidade de reformas ambiciosas”.

Numa conferência de imprensa, que se seguiu à reunião do conselho de governadores, Mario Draghi salientou ainda que “aparentemente” não existem razões para a DBRS cortar o rating da dívida portuguesa. Mas também não deixou de relembrar que haveria graves consequências para o país. “Sabemos que, se houvesse uma descida, os títulos de dívida portugueses deixariam de ser elegíveis” como garantia dos empréstimos.

Em Frankfurt, Draghi falou ainda da importância de reduzir o nível de malparado em Portugal, o que acaba por estar de acordo com as áreas a que Mário Centeno, ministro das Finanças, tem estado a dar prioridade.

Aliás, numa entrevista dada recentemente, o responsável pela pasta das Finanças explicou que está a tentar agilizar os processos legais para lidar com o malparado. Sendo que, em 2017, espera-se poder avançar com um veículo que possa ajudar a banca a libertar-se de parte deste crédito malparado que pesa nos balanços.

Círculo vicioso No início deste mês, a agência de notação financeira DBRS fez saber que considera que a economia portuguesa está presa num “círculo vicioso” de dívida elevada, baixo crescimento e adiamento de reformas económicas.
Ao “Financial Times”, Fergus McCormick, economista-chefe da agência canadiana, explicou, citado pelo “Jornal de Negócios”, que o crescimento desacelerou e os juros da dívida pública subiram, colocando uma “pressão descendente” sobre o rating.

A DBRS é a única das quatro agências de notação financeira internacionais que coloca a dívida nacional num patamar de investimento, com as restantes a considerarem as obrigações nacionais como um investimento especulativo.