BCP. Ações continuam no vermelho no segundo dia após a fusão dos títulos

Os analistas acreditam que os títulos podem negociar com volatilidade, uma vez que, os investidores estão a ajustar-se a esta operação, conhecida como reverse stock split.

As ações do BCP continuam a negociar em terreno negativo, mas com menores perdas em relação às primeiras horas da manhã. Neste momento os títulos do banco liderado por Nuno Amado perdem 2,69% para 1,2699 euros, no segundo dia de negociação depois de a instituição financeira ter procedido ao agrupamento de 75 ações numa só.

Os analistas acreditam que os títulos podem negociar com volatilidade, uma vez que, os investidores estão a ajustar-se a esta operação, conhecida como reverse stock split.

Esta manhã, os títulos já tocaram um mínimo de 8,4% para 1,196 euros.

Recorde-se que, cada “novo” título do banco passou a valer mais de 1,3 euros, o mesmo que 75 ações na casa dos 1,8 cêntimos. Esta operação, denominada “reverse stock split”, teve como objetivo aumentar o valor unitário das ações. Mas para os investidores, além do valor da ação, pouco muda. Ou seja, o valor dos investimentos em carteira não sofrerá qualquer alteração. Feitas as contas, quem mantiver mil euros aplicados em ações do banco liderado por Nuno Amado continuará a ter o mesmo valor, mas com menos títulos em mãos.

Recorde-se que este era um dos passos importantes para o futuro do banco, já que encerra mais uma das exigências apresentadas pela Fosun – que detém em Portugal a seguradora Fidelidade e o grupo de prestação de cuidados de saúde Luz Saúde – para entrar no capital.

A operação passou a ser possível com total segurança jurídica após a entrada em vigor, em setembro, da alteração ao Código de Valores Mobiliários aprovada pelo governo em Conselho de Ministros a 22 de setembro. Este diploma consagra o regime das medidas de reverse stock split fora do quadro das operações de redução de capital.

Mas apesar da subida recente das ações, o BCP continua a acumular uma queda superior a 60% desde o início do ano e não tenderá a recuperar nos próximos tempos, até porque a Fosun acabou por colocar um travão na evolução dos títulos ao anunciar que estaria disponível para investir no banco através de um aumento de capital reservado cujo preço por ação não superasse os 2,0 cêntimos.

Aliás, por regra, esta operação ocorre em casos em que o valor unitário da ação é demasiado baixo, habitualmente de cêntimos, tal como acontecia no BCP. Através do reverse stock split reduz-se o número de ações, aumentando o valor contabilístico dos títulos.

Exigências

A Fosun, quando anunciou o interesse de entrar no capital do BCP apresentou várias exigências: a fusão das ações do banco e o aumento do limite de votos de 20% para 30%. Este último ponto vai ser discutido pelos acionistas no próximo dia 9 de novembro, assim como o aumento do número máximo de administradores de 20 para 25 elementos.

Para o banco de Nuno Amado, a entrada dos chineses reforça a estabilidade da estrutura acionista e ajuda a financiar a devolução dos CoCo’s que o banco tem de pagar ao Estado.
O BCP ainda tem cerca de 700 milhões de euros para devolver e aguarda autorização para pagar uma tranche de 200 a 250 milhões.

Para o grupo chinês, esta entrada no BCP é “um novo passo no investimento em Portugal” e permite ganhar o controlo do maior banco privado português e acelerar a entrada nos mercados europeu e africano.