Nova presidente da CMVM com tarefa difícil

Vai analisar pedido de um grupo de acionistas do BPI que está contra a decisão da administração do banco, onde o pai está presente.

Gabriela Figueiredo Dias, a nova presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), vai ter de analisar o pedido de um grupo de acionistas do BPI que solicita um auditor independente para fixar preço da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank à instituição financeira, uma vez que consideram que o valor proposto pelo grupo espanhol é baixo e defendem que 1,74 euros por ação é o preço justo, tal como o SOL revelou na edição passada.

Uma tarefa que poderá não ser assim tão fácil para a nova presidente do órgão regulador, uma vez que o valor proposto pelo CaixaBank, de 1,134 euros por ação, recebeu luz verde por parte da administração do BPI, onde o pai de Gabriela Figueiredo Dias (Jorge de Figueiredo Dias) é um dos nomes que compõe o concelho de administração.

No entanto, para este grupo de acionistas, é fundamental a contratação de um auditor independente por forma a garantir a correta valorização do BPI.

Aliás, esta questão da OPA à instituição financeira já contou com uma baixa na administração do banco. Edgar Ferreira apresentou a renúncia ao cargo de vogal da administração. O relatório do Conselho de Administração do banco, divulgado na semana passada, incluiu a declaração de voto do administrador Edgar Ferreira que assumiu uma «divergência profunda» com a deliberação do Conselho de Administração do banco relativamente à OPA.

Sublinhando que foi «o único administrador que não votou favoravelmente» a alienação de 2% do BFA (Banco de Fomento Angola) «pelo ridículo valor de 28 milhões de euros», considera que «estes atos de gestão no decorrer de uma OPA são suscetíveis de conduzir à apreciação e responsabilização judicial dos membros deste Conselho de Administração».

Na declaração de voto, anexa ao relatório da administração do banco, o administrador cessante começou por dizer que o Conselho de Administração do BPI entendeu que o preço de 1,329 euros por ação proposto na anterior OPA lançada pelo CaixaBank em 2015 «não refletia, então, o valor do banco BPI», altura em que considerou que «o justo valor das ações seria de 2,26 euros», tendo desaconselhado a venda das ações.