EUA. Hillary enfrenta de novo “o raio dos emails”

Notícia de que há mais dados para investigar lança confusão na campanha norte-americana a poucos dias das eleições. 

A menos de duas semanas das eleições, Hillary Clinton vê-se novamente no centro do turbilhão político gerado em torno do servidor de emails que usou nos seus tempos de secretária de Estado.

O mesmo diretor do FBI que há meses recomendou que a candidata democrata não fosse acusada de nenhum crime por ter usado o seu servidor privado e não os do Departamento de Estado – possivelmente mais vulnerável a ataques cibernéticos e onde os documentos não são arquivados – anunciou na sexta-feira por carta que haviam sido encontrados novos emails numa investigação em separado, que vão agora ser analisados.

A notícia transformou-se imediatamente em arma de arremesso para os republicanos e a campanha de Donald Trump, que argumentam que as dezenas de milhares de emails destruídos pela equipa de Hillary são indício de que a antiga secretária de Estado tem alguma coisa a esconder. 

Ao longo da campanha, a estratégia de Hillary Clinton foi a de contornar o assunto, pedindo desculpas por não ter seguido as diretivas do Departamento de Estado e explicando que nada de ilegal ou perigoso aconteceu – em privado, Hillary acredita que o caso é de pouca monta e recebe uma atenção desproporcional das televisões e jornais. Esta tática parece ter mudado Em vez de contornar o tema e direcionar atenção para outro assunto, a candidata democrata passou ao ataque no fim de semana.

No sábado, Clinton acusou o diretor do FBI de ter agido irresponsavelmente, anunciando com poucos detalhes a existência de novos dados, a poucos dias das eleições. De acordo com fontes próximas da investigação, citadas pela NBC, os emails encontrados não foram enviados para Clinton ou por ela, atenuando preocupações de que a antiga secretária de Estado possa ter enviado informação confidencial a partir de um servidor não protegido. E Clinton, acusada de falta de transparência, quer agora “todas as cartas na mesa”.

“É muito estranho anunciar uma coisa destas com tão pouca informação mesmo antes de umas eleições. Aliás, não é apenas estranho; não tem precedentes e é profundamente perturbador”, lançou Hillary Clinton no sábado, desviando-se pela primeira vez da linha de não-agressão que seguiu durante toda a campanha – um dos comentários mais fortes contra o caso dos emails, aliás, partiu do seu grande rival nas primárias, Bernie Sanders, que num debate com Clinton disse estar farto de ouvir falar “do raio dos emails”, parecendo dizer  o que Clinton não pode.