GP do México: cowboys do asfalto ofuscam luta pelo título mundial

Lewis Hamilton venceu o troço mexicano e adiou a festa de Nico Rosberg, mas foi a luta entre Verstappen e Vettel que dominou todas as atenções durante e após a corrida

O Grande Prémio do México, antepenúltimo do ano, foi um passeio no parque para Lewis Hamilton, que o ganhou, e para Nico Rosberg, que manteve sempre sob controlo a liderança do Mundial de Fórmula 1. Todas as confusões ficaram a cargo de Max Verstappen e Sebastien Vettel, por estes dias os verdadeiros “bad boys” da modalidade.
Verstappen, diga-se, andou à procura de lenha para se queimar até com Rosberg. O jovem piloto holandês, tão talentoso quanto imprudente, tocou o Mercedes do alemão logo na primeira curva, obrigando-o a uma saída de pista – que só por acaso não teve consequências. Depois, iniciou o jogo de conflitos com Vettel, que viria a resultar na perda do terceiro lugar na secretaria: Verstappen terminou a corrida em terceiro, mas foi posteriormente penalizado em cinco segundos, na sequência das várias manobras perigosas que fez para se defender dos ataques de Vettel.
Ganhou vantagem ao atrasar uma travagem, foi pela relva, não deu a posição a Vettel quando a própria equipa lhe disse que tinha de dar… E pior: reduziu o andamento sem deixar Vettel passar, para que Daniel Ricciardo se aproximasse de Vettel. Quando o australiano o conseguiu, Vettel acabaria por se defender de Ricciardo com uma manobra polémica, que daria que falar mais tarde.

Assim, e após a punição, Verstappen acabou fora do pódio, em quinto. A confusão, todavia, não ficaria por aqui: horas depois, Vettel também foi penalizado pela tal manobra de defesa à tentativa de ultrapassagem de Ricciardo, acusado de violar a regra que proíbe a mudança de direção em plena travagem – medida recentemente implementada, precisamente devido às táticas… de Verstappen. Vettel perdeu assim dez segundos, o que fez com que Ricciardo acabasse por ficar com o terceiro posto, com Verstappen a subir para quarto.

Assim que a prova terminou, Verstappen não teve pejo em arrasar Vettel. “Tem de voltar para a escola para aprender uma nova linguagem, é claramente um tipo frustrado, sempre a chorar no rádio. O que ele fez ao Daniel é ridículo, virou para cima do carro dele”, disparou o holandês. Já o alemão acabou por assumir ter “perdido o controlo” em consequência do comportamento de Verstappen, justificando assim o facto de ter dito, via rádio, “Esta mensagem é para o Charlie: vai à m…”, dirigindo-se ao diretor das provas do Mundial, Charlie Withing. “É verdade, disse muitas asneiras. Penso que as pessoas compreendem que a adrenalina estava a bombar, pois coloquei-o [Verstappen] sob pressão e ele saiu de pista e não cedeu a posição, como lhe disseram para fazer, portanto penso que podem perceber o meu ponto de vista. Fiquei muito perturbado”, confessou Vettel. O piloto germânico foi de pronto pedir desculpa pessoalmente ao diretor de corridas da FIA, mas a verdade é que as suas palavras poderão custar-lhe a suspensão de um Grande Prémio: a hipótese é muito pouco provável, mas a verdade é que os regulamentos preveem sanções duras para o uso de linguagem inapropriada que possa ferir a imagem da competição – e Vettel, além dos insultos a Whiting, disse vários palavrões durante toda a corrida. O alemão arrisca ser impedido de competir no GP do Brasil, que tem lugar entre 11 e 13 de novembro.

Hamilton também arriscou É preciso dizer também que Verstappen não concordou com a penalização de 5 segundos que lhe foi imposta, comparando a sua manobra com a de Lewis Hamilton na primeira curva da primeira volta, que não foi penalizada. “É ridículo. O Lewis também saiu de pista e ganhou uma enorme vantagem, o Nico também saiu da pista na curva 1 quando nos tocámos e ele também não foi punido. Eu nem sequer ganhei vantagem, continuei à mesma distância dele quando voltei à pista. Se eles não foram penalizados, eu também não devia ter sido”, disparou o holandês.

A verdade é que Hamilton não foi, de facto, penalizado e ganhou mesmo a corrida, no que foi o seu oitavo triunfo da época – e 51º de sempre: o britânico igualou assim Alain Prost no segundo posto de mais vitórias de sempre. Já o primeiro ainda vai bastante longe: é pertença de Michael Schumacher, com 91 triunfos. Vettel, com 42 triunfos, também está no top-5: é quarto, à frente do lendário Ayrton Senna, que tinha 41 vitórias no momento em que faleceu, na célebre corrida de San Marino.

Na madrugada de ontem, Lewis Hamilton liderou a corrida praticamente do início ao fim, perdendo apenas momentaneamente a liderança devido à primeira paragem nas boxes. Hamilton, que persegue o terceiro título consecutivo e quarto da carreira, depois de 2008, 2014 e 2015, reduziu assim para 19 os pontos de desvantagem para Rosberg, mas o alemão ficou mais perto do seu primeiro título: basta-lhe agora apenas um segundo lugar e um terceiro nas duas últimas corridas, no Brasil e Emirados Árabes Unidos. Por outro lado, se vencer em terras de Vera Cruz, Rosberg sagra-se automaticamente campeão do mundo, algo que ainda não conseguiu – foi vice-campeão nos últimos dois anos.