Aritz Aranburu. A ‘vingança’ serve-se em ondas de três metros

Não estava a votações e foi um dos nomes que entrou para a lista de 112 – emergência, leia-se – da organização. Humilde, discreto e de poucas palavras provou o que tinha a provar, dentro de água. 

Pela primeira vez a competir na Nazaré o surfista basco, campeão europeu em 2007, falou com o i e revelou o segredo: “a ligação com o mar”. Ainda não sabe o destino que vai dar aos prémios – 10.000 euros por ter sido o vencedor, quantia à qual somou 2.000 euros de prémio por Melhor Tubo e ainda 1.500 euros pelo Melhor Score (19,05 pontos), mas sabe que o rumo a seguir é o Havai. Aranburu foi dono e senhor do mar da Nazaré e ainda conseguiu a melhor onda do dia (9.80 pontos). Subiu ao ‘pódio’ depois de arrecadar 16.75 pontos na grande final e dedicou o prémio à namorada. Depois dos festejos, Aranburu revelou ao i quem pode vir a ser ‘o próximo Saca’.

Chegaste, viste e venceste como se diz em Portugal. Estavas à espera?
Foi muito difícil. O nível foi elevadíssimo. Os surfistas que estiveram aqui são dos melhores tube riders do mundo. Quando vens aqui tens essa humildade. Tens sempre muita vontade de ganhar mas sabia que não ia ser fácil.

Foste um dos substitutos. Como é que recebeste o convite da organização?
Recebi o convite há dois diasa. Foi tudo muito rápido, mas fiquei muito contente. 

Já tinhas estado na Nazaré?
Estive na Nazaré mas nunca em competição mas já tinha vindo surfar duas ou três vezes e é um sítio incrível.

Primeira vez a competir na Nazaré e ganhaste. Qual é o segredo?
Bom, o segredo é criar uma ligação com o mar afinal todos os surfistas aqui são muito bons e acho que no fim quem consegue uma maior ligação com o mar é quem ganha. Penso que fui eu e estou muito contente por isso.

A mãe do Tiago Pires estava ao meu lado quando estavas a defrontá-lo na terceira ronda – onde estiveste imbatível – e perguntou “porque é que chamaram o Aritz?”. Depois dessa bateria sabias que podias ser o vencedor?
O Tiago Pires é sensacional. Admiro-o muito. Foi um dia incrível. Já aqui tinha surfado antes mas nunca com ondas tão boas. Na 3ª ronda fiz uma bateria muito especial e a partir daí confiei mais em mim. Mas mantive-me humilde porque sabia que na final ia encontrar surfistas capazes de fazer scores muito altos. Fico contente por ter saído por cima”

Qual é a tua opinião em relação ao surf português? O que é que tem de diferente?
Acho que o surf de Portugal é o que mais está a avançar por toda a Europa. É uma potência gigantesca e nós em Espanha, e no país Basco, estamos a tentar estar à altura. Acho que a estrutura aqui em Portugal é muito forte e nós, nos restantes países, devíamos tentar copiar. 

Foste campeão da Europa em 2007. Vês o surf como um desporto de competição ou como estilo de vida?
As duas. Para mim o surf é tudo, tudo. Está nas minhas veias, é o que mais gosto de fazer. Viajar, conhecer pessoas, apanhar ondas. O surf é a melhor desculpa para isso.

Objetivos para o ano?
Este ano vou acabar no Havai, tenho duas provas lá e vou tentar ir forte para conseguir a classificação para o WCT este ano ou no próximo.

Já sabes o que vais fazer com o dinheiro do prémio (13,500 euros)?
Não sei o que vou fazer. Para mim o maior prémio foi estar aqui com todas estas pessoas na Nazaré.

Se tivesses que destacar um nome nacional português quem destacarias? Quem achas que poderá ser o próximo Saca?
Difícil… Há nomes muito fortes. Arrisco no Frederico Morais ou no Vasco [Ribeiro]. Mas tenho de destacar o Nic Von Rupp, que é um tube rider incrível, que anda à procura das ondas gigantescas pelo mundo inteiro…