Paddy Cosgrave: no centro do mundo

É o homem forte por detrás da WebSummit. Uma ideia que arrancou timidamente e chega agora a Lisboa com perfil  de gigante. E consigo traz alguns das figuras mais influentes do mundo – da tecnologia ao desporto, da saúde à moda e à música

Paddy Cosgrave: no centro do mundo

primeira edição da Web Summit teve lugar em Dublin, em 2009. Mas bastaram seis anos para que a Web Summit crescesse de um tímido evento com cerca de 400 participantes, para este gigante que trará a Portugal, oriundas de 165 países, 50 mil pessoas, assumindo-se como o maior e mais importante ponto de encontro da Europa para empresas ligadas à área tecnológica – que, hoje em dia, são quase todas. Entre os oradores destas sete edições contam-se figuras como o autor de “O Código Da Vinci”, Dan Brown; o vencedor do Tour de France, Chris Froome; a atriz Eva Longoria; o músico líder dos U2 e ativista Bono; o skater Tony Hawk; Chad Hurley, cofundador do Youtube; Jack Dorsey, cofundador doTwitter; Shane Smith, co fundador da Vice Media; Michael Dell, fundador da Dell;ou Ed Catmull, presidente da Pixar.

No epicentro de tudo isto está um homem: Paddy Cosgrave. “O que fazemos é conectar pessoas. Tudo o que fazemos é tornar mais fácil para as pessoas conhecerem outras pessoas. A maioria não acabará a moldar o mundo de amanhã, mas uma mão cheia delas irá”, disse ao “Finantial Times”.

Paddy Cosgrave nasceu e cresceu num cenário aparentemente pouco propício às novas tecnologias: uma quinta em Wicklow, a sul de Dublin, na Irlanda. Fez os primeiros anos de escolaridade na escola da Abadia de Glenstal, gerida por monges Beneditinos, tendo depois prosseguido estudos na Universidade de Trinity, em Dublin, nas áreas de Economia, Política e Estudos Sociais. Durante os anos que passou na universidade, foi editor da “Piranha”, uma revista satírica, e também presidente da Sociedade de Filosofia. Foi, aliás, no desempenho destas funções que organizou Phil Speaks, uma iniciativa que procurava promover os debates mas escolas secundárias irlandesas.
Terminados os estudos, em 2006, continuou a organizar eventos e iniciativas que, no fundo, promoviam a proximidade. Em abril de 2007 lançou a Rock the Vote Ireland, uma campanha que procurava incentivar os jovens a votar nas eleições gerais irlandesas de maio. Nesse mesmo ano foi um dos fundadores do MiCandidate, um site que começou por disponibilizar informação detalhada sobre todos os candidatos na corrida ao governo irlandês e que acabou por alargar a sua área de influência aos políticos europeus e às organizações de media.

Dois anos mais tarde a empresa foi vendida por um montante nunca revelado. E nesse mesmo ano de 2009 tinha lugar a primeira edição da F.ounders, uma espécie de prima da Web Summit apenas disponível através de convites. Um ano mais tarde, em novembro de 2010, tinha lugar a primeira Web Summit, iniciativa que projeta pela primeira vez PaddyCosgrave como empreendedor e que parte de uma ideia simples, daquelas que nascem de conversas com amigos – neste caso com Daire Hickey e David Kelly, os cofundadores low profile da WebSummit.

Depois da primeira edição receber 400 participantes, a quarta WebSummit já contou com 22 mil visitantes, número que subiu para 30 mil na quinta cimeira. Este ano, como já referido, serão 50 mil os participantes. Números que já valeram a Paddy Cosgrave inúmeras distinções, como a Medalha de Ouro da Associação de Exportadores Irlandeses, ou a nomeação, em 18º lugar, na lista dos 100 indivíduos mais influentes na área da tecnologia, de acordo com a “Wired UK”. Olhando para ele, barba por fazer, caracóis mal amanhados e roupa descontraída, caem por terra os últimos preconceitos: claramente o mundo já não é dos que usam fato e gravata. É, isso sim, protagonizado por homens como Cosgrave ou Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, que costumam beber café juntos em SiliconValley. Mas, tal comoZuckerberg, Também Cosgrave fez questão de não ser apenas o geek fechado no seu mundinho tecnológico, e antes perceber e promover a abertura a outros universos, usando a tecnologia como aglutinador e promotor. Por isso, da mesma forma que vai beber café a SiliconValley, também vai beber copos com Bono ou com Ne-Yo.

A Primeira Liga do mundo moderno

Quinze mil empresas representadas, sete mil CEOs, 663 oradores. Os números ilustram facilmente a importância da Web Summit que ocupará a FIL e a MEO Arena entre os dias 7 e 10 de novembro. Uma espécie de primeira liga da primeira liga do mundo moderno, que discutirá em conferências, palestras, mesas redondas, ao longo destes dias que prometem ter mais de 24 horas.

Pela WebSummit se discutirão os temas da atualidade, da política à saúde, da indústria de conteúdos aos órgãos de comunicação mais convencionais, da moda à música, da banca à indústria automóvel. Das empresas mais convencionais e instaladas, às start ups que surgem em todo o mundo e que têm alterado radicalmente a forma de fazer negócios e de pensar o mundo. A ideia por detrás da WebSummit é que todo o campo e esfera do pensamento se possa reunir num mesmo local. E que essa proximidade física contribua para deitar preconceitos por terra e crie redes de contactos, de colaboração, de entreajuda. 

Como protagonistas, a tal impensável listagem de quase 700 oradores. Um número tão elevado que parece querer dizer, logo à partida, que será impossível ver tudo. Ainda assim, alguns nomes saltam à vista. É o caso de Mike Schroepfer, responsável tecnológico do Facebook; John Chambers, presidente da CISCO; Carlos Ghosn,CEO da Renault-Nissan Alliance; Sean Rad,  cofundador do Tinder; Werner Vogels, CTOda Amazon; Joseph Gordon-Levitt, ator e fundador da HitRECord; músicos como Ne-Yo e Tinie Tempah; a top model e fundadora da Impossible, LilyCole; a atriz Rose McGowan; o futebolista e investidor Ronaldinho; ou Miroslava Duma, que a revista “Vogue” aponta como a empreendedora, na área da moda, mais conectada digitalmente. A lista parece não ter fim. E se estes são alguns dos nomes que saltam à vista, muitos outros, menos óbvios, serão certamente grandes surpresas.

Desta lista de oradores confirmados, 26 são portugueses. Empreendedores, políticos, governantes, personalidades do mundo do desporto e da moda estarão entre aqueles que têm uma palavra a dizer. Logo em destaque, a presença do primeiro-ministroAntónio Costa e do secretário de Estado da Indústria – e homem forte quando o assunto são start ups –, JoãoVasconcelos. Mas desta lista constam ainda MiguelSanto Amaro, da Uniplaces; José Neves da Farfetch; o ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso; o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina; o presidente da AICEP, Miguel Frasquilho;os ex-futebolistas Luís Figo, RuiCosta e Nuno Gomes; o surfista Tiago Pires.

São estes protagonistas da sociedade atual que tomarão de assalto Lisboa na próxima semana. E que não se pense que ficarão fechados na FILe na MEOArena e que apenas aqueles que pagaram uma média de mais de mil euros para participar na Web Summit se poderão cruzar com estas personalidades. A organização acredita que os contactos e os negócios não se fazem apenas em mesas formais. Por isso, em paralelo, à noite, decorre a Pub Summit, que levará às ruas do Bairro Alto e Cais do Sodré muitas destas personalidades. É que discutir o futuro é tarefa para 24 horas por dia.