Vanessa. Dad body António Costa

É que o gajo ficou mesmo giro com aquela camisa do Caribe. Aquela barriga imensa parecia mesmo gira. Fogo, o Costa é mesmo o gajo com mais sorte do país. E isso irrita um bocado não irrita?

António Costa tem sorte em tudo. Consegue formar Governo sem ganhar as eleições, convence miraculosamente Bloco e PCP a apoiarem um Governo do PS e é PM num momento em que estão na moda os homens com barriga. Até irrita.

O metrossexual morreu. Paz à sua alma. Já há algum tempo que o que está a dar é o “dad body” o que quer dizer homens com barriga. Há pessoas que tendem a achar que não há coincidências. Eu por acaso até acho que o que há mais são coincidências e coisas que ninguém consegue explicar. Mas se a Vanessa me diz que a ascensão de Costa no PS e a ascensão do “dad body” enquanto modelo de corpo masculino não é uma coincidência eu tenho, pelo menos, de a ouvir.

– O gajo nasceu com qualquer coisa virada para a lua.

A Vanessa não disse, evidentemente, “qualquer coisa”. Disse a palavra que o leitor sabe qual é. Mas eu não a posso escrever aqui. Peço desculpa. Tenho medo que alguém se ofenda.

Mudou a hora, é noite mais cedo. A Vanessa apareceu aqui no jornal para lanchar às seis e meia da tarde, noite fechada. Tinha gostado muito de ver o Costa na televisão com aquela camisa “guaybera” lá na cimeira ibero-americana.

– O gajo fica giro. Está gordo, mas giro. Tu não achas que é sorte a mais o gajo ter chegado ao poder numa altura em que os metrossexuais deixaram de estar na moda e agora a nova “trend” é o “dad body”? Costa é um exemplar de “dad body”. E confesso que aquela barriga tem alguma coisa de “sexy”.

A Vanessa tinha-se convertido ao “dad body trend” – uma expressão que quer dizer mais ou menos “corpo de pai de família” – depois de ver uma fotografia do Leonardo di Caprio com barriga, na praia. E achou que sim. Afinal, a barriga num homem tinha algumas vantagens, a começar por aquela de servir de almofada. A ditadura da barriga seca tinha acabado com essa deliciosa valência.

– Mas tu achas que é coincidência a mais?

– Hã?

Eu distraí-me a olhar para a noite lá fora e já estava baralhada. O que era ou não coincidência?

– Oh pá, a cena é que a ascensão do Costa no PS coincide exatamente com a ascensão da tendência “dad body”. Isto é sorte a mais. O gajo conseguiu perder as eleições e formar Governo! Nunca ninguém tinha conseguido antes! Depois convenceu lá os tipos do Bloco e do PC a apoiá-lo, que também nunca tinha acontecido antes e eu pensava que nunca iria acontecer.

– Eu também pensava que não.

– Toda a gente pensava que não. Não era uma coisa para acontecer. E agora, quando está cada vez mais gordo, os homens com barriga passaram a estar na moda! O Sócrates que era um metrossexual já não está na moda! É ele que está na moda! É sorte a mais.

A Vanessa tinha alguma razão. Eu até estive tentada a fazer aquela conversa da treta de que não há sorte, que a sorte dá trabalho e cansa, etc. Mas se isso até pode ser válido para os acordos de esquerda, não é válido para o “dad body”. Há imensos anos que os homens com barriga eram pelo menos tão fustigados socialmente como as mulheres com barriga. Os ginásios estavam cheios de doidos a fazer remo cheios de problemas de autoestima. Se, por um lado, eu achava que eles mereciam sofrer o mesmo que as mulheres (uma espécie de vingança feminista inapelável), dava-me uma certa pena a paranoia do corpo a estender-se a homens normais, saudáveis e alguns deles giros.

E depois veio a “dad body trend” e o Costa.

– É que o gajo ficou mesmo giro com aquela camisa do Caribe. Aquela barriga imensa parecia mesmo gira. O Marcelo que até é magro não estava tão giro. Fogo, o Costa é mesmo o gajo com mais sorte do país. E isso irrita um bocado não irrita? Eu dos acordos de esquerda não quero saber, mas ao menos que apareça aí uma nova tendência chamada “mum body” e eu possa deixar de ir ao ginásio!

Fazedores de tendências ouçam a Vanessa! Ela merece alguma da sorte do Costa.