Facebook. Negócios que ganharam grandes dimensões

O i falou com alguns empresários que começaram os seus negócios através de uma página na rede social e que, passados alguns meses, registaram um crescimento tão forte que foram obrigados a contratar. Mas há quem tenha olhado para o Facebook, apenas como um canal complementar

Magda Tilli criou a HomeLovers em 2011, depois de ter experimentado um outro negócio também na área imobiliária, mas que “correu menos bem”. Nessa altura, em plena crise económica e com quatro filhos, arriscou neste projeto e, mais uma vez, no mesmo setor. Como não podia investir novamente, apostou apenas no Facebook. A ideia era simples: esta rede social funcionaria como uma espécie de montra do seu negócio.

“Percebemos que havia uma grande necessidade de arrendamento em Lisboa e não havia casas para arrendar. Como não podíamos investir de novo, resolvemos simplificar e apostar no Facebook, com uma experiência completamente inovadora na nossa área de negócio. Deste modo, conseguíamos chegar aos nossos clientes, perceber quais as suas necessidades e que casas de facto procuravam, assim como dar uma resposta mais imediata, humana e próxima, sem sentirmos necessidade de ter uma loja”, revela ao i a partner da HomeLovers.

Cinco anos depois, reconhece que o balanço não podia ser mais positivo. Tem investido através do autofinanciamento. No ano passado faturou dois milhões e espera este ano chegar perto dos três milhões. “A família HomeLovers tem vindo a crescer step by step. Começámos em 2011 apenas com duas pessoas e com casas para arrendar em Lisboa. Neste momento somos mais de 60 e já consegue encontrar, comprar e arrendar casas HomeLovers em Lisboa, Porto, linhas de Cascais e Sintra e, desde há 2 semanas, no Algarve. Queremos continuar a inspirar e a surpreender cada vez mais pessoas com as nossas casas”, acrescenta Magda Tilli.

Para já, o Facebook continua a ser visto com a loja da mediadora. Ainda assim admite que, “no futuro, caso seja necessário e faça sentido mudar de posicionamento, cá estaremos a pensar nisso para nos reajustarmos a uma nova realidade”.

Para quem está a pensar em investir nesta rede social como montra do seu negócio, Magda Tilli deixa um conselho: “É aproveitar ao máximo a proximidade virtual criada pelo efeito de rede social para, de facto, conhecer bem o seu público; saber como poderá o seu produto ou o seu serviço ser uma mais-valia nas vidas das pessoas; comunicando-o de uma forma direta, próxima e com conteúdos interessantes que, consequentemente, permitirão um efeito passa-palavra e um crescimento viral da sua página”, conclui.

Oportunidade que se transformou num negócio

O Bolo da Marta surgiu de uma oportunidade que rapidamente se tornou um negócio. A ideia da fundadora era mostrar aos amigos os bolos que fazia e que podiam encomendar através de uma página de Facebook. “Nunca com a ideia de se tornar um projeto de vida”, confessa ao i Marta Gonçalves Viegas.

No entanto, ao contrário do que estava à espera, a página na rede social “teve grande adesão e comecei a receber encomendas de desconhecidos”. E a partir daí teve de tomar uma decisão face ao número de encomendas que estava a receber e à falta de condições que tinha no momento: “Ou abandonava o projeto e seguia com a minha vida ou dedicava–me a 100% a este projeto, mesmo sem ter feito nenhum estudo de mercado, nenhum business plan, nada”, salienta.

Marta optou pela segunda hipótese. “Decidi arriscar porque, afinal de contas, a marca estava a ter um grande sucesso e eu estava cheia de ideias para a tornar mais forte. Na altura tinha 24 anos e ainda não tinha uma carreira, uma família para criar, nada que me fizesse pensar duas vezes antes de arriscar”, acrescenta.

O investimento inicial foi feito com capital próprio e, para contratação do pessoal de cozinha, recorreu à medida Estímulo Emprego do IEFP, possibilitando a contratação de três pessoas que continuam na empresa até hoje. Em quatro meses abriu um loja porque precisava de um espaço físico para mostrar os produtos.

Ainda assim, a sua presença no Facebook continua a ser importante, uma vez que mais de 50% das encomendas são feitas através da rede social. “Acho que soube aproveitar muito bem esta ferramenta para comunicar a marca, e mesmo hoje que já é mais ‘banal’ ter uma página no Facebook, a forma como comunicamos nesta rede social continua a dar frutos”, afirma, acrescentando ainda que recebe muitos contactos de clientes de outros pontos do país, ou mesmo de outros países, que estão interessados em comercializar os seus produtos. “Sem esta ferramenta não teríamos conseguido chegar a tantas pessoas de forma tão eficaz”, confessa.

Além da loja, no ano passado, o Bolo da Marta esteve presente no El Corte Inglés de Lisboa com um stand durante alguns dias. E como correu bem, a experiência voltou a repetir-se este ano e deverá manter-se para 2017. Conta ainda com a Cake Van, que irá circular pelas ruas da capital.

Canal complementar

Ao contrário do que aconteceu com os projetos anteriores,a 360imprimir assenta o seu negócio na sua página de internet e olha para o Facebook como um canal complementar.

A 360imprimir surgiu para colmatar uma lacuna no mercado: por um lado, as pequenas e médias empresas e os empresários em nome individual tinham dificuldade em definir as suas necessidades e, por outro lado, os produtores estavam focados em grandes produções. Daí até surgir a ideia de criar uma empresa foi um passo, como conta ao i Carolina Maça, PR coordinator.

A partir daí foi necessário ir ao encontro dos clientes, evitando os processos morosos que caracterizavam a indústria gráfica. Para isso foi desenvolvida uma plataforma focada no do-it-yourself. O processo de compra é muito simples: os clientes acedem ao site, selecionam os produtos e as características que pretendem e, depois, escolhem um design ou submetem um design que já tenham. A 360imprimir trata de tudo e o cliente recebe a sua encomenda de acordo com os prazos que selecionou.

O Facebook foi considerado uma ferramenta porque “garante uma enorme visibilidade e apresenta uma mais-valia no que respeita aos anúncios”, tendo ainda a vantagem da segmentação: a possibilidade de definir as características do público. Além disso, as vendas geradas através desta rede social já representam cerca de 30% das totais.

O investimento inicial foi de 10 mil euros e, recentemente, a empresa fechou uma ronda de investimento de três milhões liderada pelo fundo de venture capital Pathena. A empresa conta atualmente com 80 pessoas, mas em setembro iniciou um processo de recrutamento com vista à contratação de mais 122.

Também a faturação tem vindo a crescer: em 2014 foi de 300 mil euros: em 2015, o volume faturado alcançou os dois milhões; e este ano irá ultrapassar os 7,5 milhões. O objetivo é alcançar uma faturação de 100 milhões de euros em 2020.

A ideia do negócio continua a assentar apenas na vertente tecnológica. “A empresa caracteriza-se por ser um negócio online. O Facebook surgiu como um canal complementar, visto que o modelo de negócio tem por base um website”, refere Carolina Maça.

A meta, de acordo com a responsável, é simples: “Entrar num novo mercado a cada trimestre e lançar um novo produto ou serviço por mês”, acrescentando ainda que “o Facebook continuará a ser essencial, quer para divulgar esses novos produtos e serviços, quer para atrair potenciais clientes nos novos mercados”, salienta.

Sónia Peres Pinto
sonia.pinto@ionline.pt