Ministério Público já tem seis volumes de inquérito e juiz ordenou recolha do ADN de Pedro Dias

O juiz de instrução criminal do Tribunal da Guarda determinou a medida de coação mais pesada. Pedro Dias manteve-se em silêncio durante o interrogatório

O Ministério Público considerou que há indícios muito fortes de que Pedro Dias terá cometido todos os crimes de que é acusado. A PJ, em silêncio, durante os 30 dias que durou a fuga, ouviu várias testemunhas, traçou o perfil do fugitivo, detetou quem lhe estava a dar apoio e já concluiu algumas perícias fundamentais para os seis volumes do inquérito. O juiz de instrução criminal (JIC) do Tribunal da Guarda determinou ontem a prisão preventiva do arguido. Pedro Dias está indiciado de dois crimes de homicídio qualificado na forma consumada, três crimes de homicídio qualificado na forma tentada, três crimes de sequestro e um crime de roubo. O elevado perigo de fuga, a hipótese de continuação de atividade criminosa e de perturbação do inquérito e o alarme social do caso determinaram, assim, a medida de coação mais elevada. 

A defesa passou a tarde a consultar parte do processo – nesta fase da investigação, nem os advogados têm autorização para conhecer todo o conteúdo já apurado pelo Ministério Público. O que daí resultou levou a que o suspeito – que se entregara à Polícia depois de uma entrevista à RTP em que afirmava ter regressado para cumprir os seus deveres de cidadão – ficasse mudo. Sabe o i que a defesa do homem mais procurado do país não estaria à espera de um inquérito tão completo, daí ter aconselhado ao seu cliente o silêncio.

Há 15 dias que a PJ tinha a convicção de que o foragido se encontrava na casa da professora Fátima Reimão, sendo a irmã, Andreia Dias, o peão que estabeleceu os contactos com a advogada Mónica Quintela. Sob vigilância, a mulher, na companhia da professora, na sexta-feira passada, fora seguida até ao escritório da causídica, onde permaneceu três horas.

Já em afirmações ao i esta segunda-feira, a advogada garantira: “Esta situação não se pode prolongar por muito mais tempo.” O desfecho era previsível. Na terça-feira passada, a casa continuava a ser vigiada e a PJ detetou a chegada da advogada e dos jornalistas, mas decidiu não intervir receando pôr em perigo a equipa de três advogados e dois jornalistas presentes no local.

Durante a entrevista que concedeu à RTP, Pedro Dias negou conhecer qualquer uma das vítimas. Ou sequer ter estado com elas. Mas a proclamada inocência já foi abalada por três testemunhas oculares que identificaram Pedro Dias como o autor dos crimes. O i sabe que o juiz já ordenou a recolha de ADN do suspeito para confrontar com sangue encontrado numa das casas que serviu de refúgio ao fugitivo.

O ADN do arguido, uma vez recolhido, será também confrontado com vestígios de outra das testemunhas oculares, Lídia, a mulher de 51 anos que foi sequestrada e que com ele, para não ser morta, se debateu. No meio da luta acabou por ficar com vestígios da pele de Pedro Dias entre as unhas que agora servirão de prova.