Hospital do Barreiro também não isola doentes com bactérias multirresistentes

Isolamento não tem uma cama de intervalo dos não infetados como recomendam normas internacionais. Notícia do JN surge poucos dias depois de o i ter revelado irregularidades no Garcia de Orta

O Hospital do Barreiro colocou três doentes com a bactéria e-Coli multirresistente junto a 25 doentes não infetados no serviço de urgência, ao contrário do que determinam as normas internacionais de isolamento. A informação foi avançada hoje pelo Jornal de Notícias, dias depois de o i ter revelado que no serviços Medicia IV do Hospital Garcia de Orta os doentes com bactéricas multirresistentes não estão devidamente isolados dos restantes doentes.

Tal como no Hospital de Almada, também na unidade Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, os infetados com estas bactérias encontram-se em camas ao lado das de doentes não infetados, não respeitanto o intervalo de uma cama considerado necessário. A Direção Geral de Saúde (DGS) – que detetou irregularidades no Garcia de Orta – não fez qualquer declaração sobre a situação da unidade de saúde do Barreiro.

Após ter garantido ao i que "uma cortina não é isolamento", o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuiel Silva, lembra hoje àquele jornal que "Portugal tem uma taxa de infeções contraídas em ambiente hospitalar superior à média europeia", adiantando que tal se deve "à falta de financiamento dos hospitais para contratar mais enfermeiros e abrir mais camas".

Tal como o hospital de Almada, também o do Barreiro reagiu, dizendo que "as orientações e normas de controlo de infeção" no que diz respeito ao isolamento estão a ser cumpridas. Algo que é contrariado por vários especialistas.

O caso do Garcia de Orta

O i revelou esta semana que em Almada havia doentes infetados com bactérias multirresistentes como a E. coli, Klebsiella e Morganella morganii que estavam nas mesmas salas que doentes que não estão infetados, sem qualquer espaço de intervalo e apenas separados por uma cortina.

Como consequência da notícia, a DGS fez uma avaliação na unidade tendo detetado algumas irregularidades. O hospital só tem cinco quartos de isolamento, estando a ser construídos outros quatro, “o que, na perspetiva da direção clínica, é manifestamente insuficiente”. Eram necessários, dizem, “mais cinco quartos de isolamento”.

O documento produzido pela DGS deixa ainda assim claro que de uma forma genérica estão a ser cumpridas as normas. No entanto, o relatório reconhece que os doentes não infetados que partilham enfermaria com os infetados não têm “informação de como se proteger da transmissão de infeção”.

Contactado ontem pelo i, Alexandre Diniz, o especialista que redigiu o relatório da DGS confirmou que “não é uma boa prática” a ausência de uma cama de intervalo vazia entre um doente infetado e um não infetado. Uma situação que é prática no Garcia de Orta e segundo o Jornal de Notícias no Hospital do Barreiro. 

O também diretor Departamento da Qualidade na Saúde explicou ainda que “há duas situações clínicas diferentes, umas requerem apenas a cama de bloqueio inativada e outra ausência total no quarto”.