As contas do Serviço Nacional de Saúde têm estado a gerar celeuma entre governo e oposição. Na nota explicativa sobre o Orçamento do Estado para 2017,a tutela reconhece pela primeira vez que o défice do SNS vai ficar acima do previsto para este ano. O governo prevê um buraco de 248 milhões de euros, mais 69 milhões do que a previsão inicial de -179 milhões de euros.
O gabinete de Adalberto Campos Fernandes justifica a revisão com a herança do governo anterior, ideia que levou duas vezes à Assembleia da República mas que ainda não tinha suscitado uma alteração das previsões.
No ano passado, a equipa de Paulo Macedo tinha apontado para um défice de 30 milhões de euros mas, em janeiro, quando foi preparado o orçamento deste ano, o atual executivo tinha em mãos um défice de 259 milhões. Fechadas as contas, 2015 terminou com um buraco de 372 milhões de euros, mais de dez vezes acima do projetado pelo governo anterior e um valor que Adalberto Campos Fernandes tem dito ter condicionado a evolução das contas este ano e também o aumento dos pagamentos em atraso aos fornecedores.
Ainda assim, até este momento o governo tinha indicado que as metas seriam cumpridas, pedindo aos deputados da oposição paciência até ao final do ano.
A confirmar-se um défice na casa dos 248 milhões de euros será idêntico ao registado em 2014.
Para o próximo ano, o cenário não é melhor. As receitas do SNS vão aumentar em 73 milhões de euros face à execução deste ano, mas o governo prevê que as despesas aumentem também 73 milhões já a contar com poupanças para acomodar investimentos como o lançamento dos novos hospitais de Évora, Lisboa Oriental e do Seixal e o reforço dos cuidados primários e continuados.
