Turquia. Curdos do TAK reivindicam atentado junto ao estádio do Besiktas

Grupo dissidente do PKK assumiu autoria do duplo atentando que fez 38 mortos em Istambul, no sábado

Os Falcões da Liberdade Curdos (TAK) reivindicaram a autoria do ataque terrorista de sábado, em Istambul, através de um comunicado divulgado na Internet, horas depois de o vice-primeiro-ministro turco ter acusado o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) – classificado como organização terrorista na Turquia e na União Europeia – de ser estar por trás do atentado que fez 38 mortos e mais de 150 feridos, junto ao estádio da equipa de futebol  do Besiktas, onde joga o português Ricardo Quaresma.

O TAK é um grupo dissidente do PKK e já chamou a si a responsabilidade de outros ataques terroristas na Turquia. Ainda assim, o presidente Recep Tayyip Erdogan e o seu governo suspeitam que o primeiro é um braço armado do segundo, que atua sob um nome diferente.

No passado sábado verificaram-se, então, duas explosões, poucas horas depois do apito final do jogo entre o Besiktas e o Bursaspor, nas imediações do estádio. Um carro armadilhado explodiu em primeiro lugar, e pouco depois, ouviu-se uma segunda detonação, que terá sido provocada por um bombista suicida. Trinta e oito pessoas morreram – a maioria polícias – e pelo menos 155 ficaram feridas.

“A explosão atingiu unidades da polícia de intervenção que estavam na zona do estádio, num exercício de rotina pós-jogo. O ataque foi claramente direccionado contra a nossa polícia”, explicou o vice-primeiro-ministro Numan Kurtulmus, citado pela CNN, para justificar que o atentado foi planeado com bastante detalhe, antes de acusar: “Todas as pistas apontam para o PKK”.

Segundo as autoridades turcas, os terroristas utilizaram entre 300 e 400 quilos de explosivos para o duplo atentado de sábado. Na sequência das investigações, foram mesmo detidos dez suspeitos.

A reivindicação do atentado, por parte do TAK, dificilmente alterará a estratégia do governo no combate à vaga de ataques terroristas que têm varrido a Turquia no último ano. Ainda antes do anúncio do TAK, o presidente Erdogan mostrou-se pouco interessado em saber a autoria do ataque junto ao estádio do Besiktas, e mais com a reação das autoridades.

“Não tem qualquer importância o nome do grupo que cometeu este atentado desprezível”, disse em comunicado, citado pelo jornal espanhol “El País”. “O objetivo (…) é o mesmo: atacar o nosso país e a nossa nação”, conclui o chefe de Estado, revelando ainda que continuará a combater o terrorismo “da mesma forma”.

Recorde-se que o presidente turco tem aproveitado o estado de emergência, decretado em julho após a tentativa de golpe de Estado, para ordenar milhares de detenções, particularmente junto dos curdos. Selahattin Demirtas e Figen Yuksekdag, dois líderes do Partido Democrático do Povo (HDP), foram os principais rostos daquela minoria a ser encarcerados pelas autoridades, por alegadas ligações com o PKK.

Ano mortífero

O atentado deste fim de semana é o último de uma extensa lista de agressões semelhantes, na Turquia, só neste ano. Em fevereiro, 28 pessoas morreram num ataque a uma coluna militar na capital do país. No mês seguinte, também em Ancara, 37 pessoas perderam a vida na explosão de um carro-bomba, num ataque de soldados curdos. No final de junho 41 pessoas morreram, após um ataque, alegadamente levado a cabo pelo grupo terrorista Estado Islâmico, no aeroporto de Ataturk, em Istambul. Um mês depois, 35 soldados curdos, que tentavam tomar uma base militar, foram mortos pelo exército turco. Finalmente, em agosto, mais de 30 pessoas morreram num atentado de bomba numa festa de casamento em Gaziantep