Faltam 516 médicos de família para abranger toda a população

Meta de haver 500 mil utentes sem médico até ao final do ano deve falhar. Ainda há 902 mil pessoas à espera

Faltam 516 médicos de família para abranger toda a população

Lisboa e Vale do Tejo é, de longe, a região mais deficitária em cuidados primários. Um balanço da gestão de recursos nos cuidados primários, divulgado nos últimos dias, revela que faltam 516 médicos de família para abranger toda a população – 385 dos quais em Lisboa. A 2 de dezembro havia 902 mil utentes sem médico atribuído, 682 mil nesta área que vai desde o Médio Tejo à península de Setúbal.

Os dados disponíveis no Portal do SNS permitem um retrato da situação. Estão em funções 5489 médicos de família, com a região Norte a liderar as estatísticas: tem 2156 médicos no ativo e apenas 35 em falta. Em Lisboa há 1725 médicos de família; na região Centro, 1069; no Alentejo, 317; e no Algarve, 222. O número de utentes com médico atingiu o máximo histórico em outubro, com 9 220 338 pessoas abrangidas, mas desde então houve uma ligeira diminuição. 

A tutela tinha apontado chegar-se ao final do ano apenas com 500 mil utentes sem médico, meta que poderá vir a ser atingida só em 2017. Esta semana, o governo anunciou que serão em breve colocados 73 jovens médicos que concluíram a especialidade, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo. Prevê-se, contudo, que estes novos médicos só iniciem funções entre este mês e janeiro.

Aposentações vão aumentar, mas há mais internos a caminho

Os dados permitem antever o que vai acontecer nos próximos anos e como este equilíbrio de médicos para toda a população ainda é, por agora, frágil.

Este ano estão previstas 112 aposentações de médicos de família, mas em 2017 deverão abandonar funções 142 médicos. O grosso das saídas, dado o envelhecimento da classe médica, ainda está para vir. Em 2018, o ministério prevê a aposentação de 238 médicos; em 2019, de 280; e em 2020, um recorde de 448 saídas. 

A maioria das aposentações estão previstas para a região Norte do país, que até aqui tem tido sempre os melhores indicadores. A boa notícia é que, no mesmo período, mais médicos internos concluirão a formação de quatro anos na especialidade – um número que deverá ser suficiente para compensar as mais de mil saídas para a reforma no espaço de quatro anos, se todos forem contratados.