Sociedade. Figura do ano: Pedro Dias

Até ao dia 11 de outubro de 2016, poucas pessoas sabiam quem era Pedro Dias, um homem que vivia em Arouca e era descrito pelos seus conterrâneos como uma pessoa «sedutora». Mas tudo mudou nesse dia, quando passou a ser o homem mais procurado do país.

Era madrugada e Pedro Dias – de 44 anos, divorciado e com uma filha – estava dentro do carro, junto a um hotel abandonado, em Aguiar da Beira, quando dois militares da GNR o abordaram. A conversa que começou amigável rapidamente se transformou num crime de grandes repercussões: o homem matou um dos militares com uma arma calibre 7.65 e obrigou o seu colega a colocar o corpo na bagageira do carro patrulha. Este é de seguida algemado e colocado no banco do passageiro, de forma a que Pedro Dias pudesse conduzir à vontade até um local mais isolado – onde acabaria por o amarrar a uma árvore, atingindo-o no rosto e atirando-o para uma vala.

Decidiu fugir do local com as armas dos militares alvejados, que foram depois usadas para disparar contra um casal que se dirigia para o Porto para uma consulta de fertilidade. O homem teve morte imediata e a mulher continua hospitalizada em estado crítico.

A fuga de Pedro Dias às autoridades durou um mês. Pelo meio, houve mais episódios violentos –  a tentativa de asfixia de uma mulher e o sequestro e agressão de um homem que ouviu os gritos e tentou ajudar a vítima. As autoridades acreditam que, durante este período, o suspeito foi ajudado por familiares e amigos, que lhe deram comida e dinheiro.

Segundo o SOL avançou na altura, as autoridades chegaram a detetar Pedro Dias, mas este acabou sempre por conseguir fugir. No dia 8 de novembro à noite, a RTP anunciou que Pedro Dias se iria entregar às autoridades. O momento foi combinado entre os advogados do suspeito e o diretor nacional da PJ – a defesa de Pedro Dias justificou que temia que, caso a detenção não fosse transmitida em direto, pudessem existir agressões da polícia. 

Antes, o fugitivo deu uma entrevista na qual afirma que «não matou nem sequestrou ninguém» e que foi «perseguido como um animal». Foi transferido da prisão da Guarda para Monsanto, uma cadeia de alta segurança. Apesar de se encontrar em prisão preventiva, Pedro Dias terá de se sujeitar ao mesmo regime que todos os outros reclusos: ficar fechado na cela durante 22 horas, com direito a duas horas de recreio.