Desporto. Figura do ano: Cristiano Ronaldo

Menino de oiro! Podem reclamar que já não é um menino, que tem 31 anos e o diabo a quatro. Para mim é menino que o conheci ainda com 17 anos, a abrir com estrondo as portas da Seleção Nacional. Foi no tempo de Luiz Felipe Scolari, a sua estreia. E ninguém ficou com dúvidas…

Desporto. Figura do ano: Cristiano Ronaldo

Nisso, a sua história é um pouco como a de Eusébio. Ao chegar a Portugal, vindo de Lourenço Marques, provocou um terramoto no primeiro treino no Benfica. José Águas afirmou, filosófico: «Um de nós vai ter de sair para o miúdo jogar…».

Sentiu-se o mesmo na seleção portuguesa. Alguém teria de sair. E saiu. Logo após o primeiro jogo da fase final do Euro-2004, no Porto, frente à Grécia. Cristiano Ronaldo tornou-se rapidamente na grande figura do futebol português, impondo-se ainda no tempo de Figo, Rui Costa ou Fernando Couto. Já soma 136 internacionalizações e 68 golos com a camisola dos cinco escudos azuis no peito. Não vai ficar por aqui: continuará a bater recordes até que as pernas ou a cabeça o obriguem a parar. E ainda falta muito tempo para isso, acreditem.

O ano de 2016 é dele: «Foi o melhor ano da minha vida!». Campeão da Europa com Portugal, vencedor da Taça dos Campeões com o Real Madrid, Bola de Ouro do France Football, vencedor do Campeonato do Mundo de Clubes marcando três golos na final contra os japoneses do Kashima. A gente até quase se esquece que saiu aos 25 minutos da final do Europeu, em Paris, frente à França. E que derramou lágrimas de aflição antes de regressar ao relvado para, no banco, juntamente com Fernando Santos, gritar para dentro de campo como se a sua vida dependesse disso.

Cristiano Ronaldo conseguiu aquilo que nenhum dos outros grandes jogadores portugueses de todos os tempos tinha conseguido: vencer uma grande competição com a seleção nacional. Só isso lhe asseguraria lugar entre os inesquecíveis. Mas ele tem sido muito mais do que isso. Tornou-se numa figura verdadeiramente universal cuja imagem vende por todo o mundo. Discuta-se o que se discutir sobre a sua fortuna, sobre as suas atitudes às vezes de vedeta, sobre os momentos em que se deixa fotografar, como se fosse possível mantê-lo longe das objetivas. O que importa é a bola. Ele e a bola. Uma parceria perfeita. Embora, de um momento para o outro, pareça odiá-la, tal é a violência com que a chuta para um emaranhado de redes que gritam golo.