Gérad Lopez. O “Milionário Invisível” quer entrar no jogo do galo

6 milhões de euros servirão para comprar 60% da SDUQ do Gil Vicente – há outa proposta sobre a mesa 

Gérard Lopez: um nome que surgiu do nevoeiro. O “El País” chamou-lhe, em tempos, “O Milionário Invisível”: “Su trabajo consiste en no hacer ruido”. Percebe-se o interesse da imprensa do país vizinho. Afinal, Lopez também tem cidadania espanhola, apesar de ter nascido em Esh-sur-Alzette, no Luxemburgo, no dia 27 de Dezembro de 1971. O seu próximo investimento pode ser no futebol português: vai comprar a maioria do capital social da SDUQ (Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas) do Gil Vicente. Estranho? Talvez. Mas se percebermos as suas ligações, não tão estranho quanto isso.

Nos anos 90, Gérard Lopez fundou a Mangrove Capital Partners: uma sociedade de capital de risco sediada no Luxemburgo e dedicada a investir em empresas que apresentem soluções inovadoras, tanto para sociedades comerciais como para o grande público. Depois, lado a lado com Éric Lux, empresário luxemburguês do ramo imobiliário, criou a Genii Capital, especializada em gestão de marcas e tecnologias de futuro que, através da Gravity Sport Management, apostou no desporto automóvel: tornou-se presidente da escuderia de Fórmula 1, Lotus Team, mantendo o cargo entre 2009 e 2015 e atraindo para uma equipa em crise patrocínios pesados como os da Microsoft, Unilever e Coca Cola. É igualmente o “big boss” da Nekton, sociedade dedicada ao investimento no setor da energia com ramificações em África, na Ásia, na América do Sul e no Leste da Europa. Também se deixou atrair pelo negócio do gás: através da Rise Capital assinou um acordo com o Governador do Distrito Autónomo da Iamalo-Nenétsia e, com o apoio do presidente russo, Vladimir Putin, tornou-se numa peça-chave para a prospecção de investimento asiático e do Médio Oriente.

No futebol, começou por ser presidente do Club Sportif Fola Esh: “Joguei aqui quando era miúdo. O Fola tem uma história bonita e muita gente que se identifica com o espírito do clube. Só precisa de ter meios para fazer reviver essa paixão”, comentou na altura.

Licenciado em Sistemas Integrados de Gestão e em Gestão Operacional pela Universidade de Miami, tem também uma pós-graduação em Artes Asiáticas. Aos 22 anos já era gestor da Icon Solutions – uma das pioneiras no desenvolvimento da internet – e da ProLease – empresa de leasing. Tudo aconteceu depressa na vida de um homem que fala correntemente inglês, alemão, francês, espanhol, italiano e português. Não fosse o Luxemburgo um país de cruzamento de línguas e de culturas.

Desporto

Gérard Lopez foi sempre um apaixonado pelo desporto desde tenra idade. Jogou futebol, como já vimos, no Fola, e participou em provas de endurance, pela equipa da Gravity Racing International. Através da Mangrove Sport Business Intelligence e da Kick Partners, investiu na gestão de imagem de jogadores de futebol e na sua colocação em clubes.

No dia 16 de Outubro deste ano, o jornal “L’Équipe” anunciou um princípio de acordo entre Gérard Lopez e o presidente do Lille (onde jogam os internacionais portugueses Eder e Rony Lopes), Michel Seydoux, para aquisição do clube. Mais uma vez, Lopez acentuou a importância de se conservar o mais anónimo possível: “Seydoux demonstrou nestes últimos meses um profissionalismo e uma descrição exemplares sem nunca pôr em causa a linha condutora de um política que passa por devolver o clube ao rumo dos títulos”. A sua vontade de investir num clube da Ligue 1 é antiga. Por mais do que uma vez aproximou-se do Marselha; por mais do que uma vez, Luís Campos, um dos seus homens de confiança, apareceu ligado aos marselheses como responsável pelo edifício de todo o futebol. Mudou o rumo. Para Lille, claro. “O Luís é uma pessoa com grande experiência e com muita capacidade de trabalho”, elogiou Gérard Lopez. E prosseguiu: “Vai ser uma peça fundamental naquilo que gosto de chamar a futura casa do Lille!” Foi também, como se percebe, uma peça fundamental na aproximação do empresário hispano-luxemburguês ao Gil Vicente, clube que treinou em 2000/01 e 2003/04. Tido como muito próximo de José Mourinho, Luís Campos esteve no Real Madrid e ocupou recentemente o cargo de director técnico do Mónaco. Agora surge ligado a um projeto que traz para o futebol português um dos grandes milionários da Europa. O objectivo é fazer do clube de Barcelos uma montra importante para jogadores e técnicos. Uma revolução tranquila que se seguirá à aquisição do Lille – presa por pormenores. O investimento inicial de Gérard Lopez no Gil Vicente poderá rondar os 6 milhões de euros que serviriam para adquirir 60% da SAD minhota. mas há outra proposta sobre a mesa.