Desmantelado grupo que explorava pelo menos 50 mulheres

Investigação começou com denúncia da Embaixada da Roménia. Além das mais de duas dezenas de buscas em Portugal, foi detido um elemento na Suécia e outro na Roménia.

A Unidade Nacional Contra Terrorismo da Polícia Judiciária desmantelou uma rede organizada que se dedicava ao tráfico de mulheres, libertando 50 vítimas, que estavam “subjugadas à exploração”. A investigação, a cargo do Ministério Público de Sintra, começou com uma denúncia da embaixada da Roménia, que apresentava fortes indícios de que o grupo trazia mulheres para a exploração laboral e sexual.

Após mais de duas dezenas de detenções em território nacional, nos últimos dias foram detidos na Suécia e na Roménia dois outros suspeitos, na sequência de mandados de detenção europeus expedidos por Lisboa. A investigação durava há cerca de um ano foi recentemente concluída com estas duas diligências levadas a cabo no estrangeiro. Atualmente estão detidos dezanove elementos do grupo. Além do crime de tráfico de pessoas, neste inquérito investiga-se ainda a associação criminosa.

A Polícia Judiciária esclarece que “o modus operandi deste grupo, composto por homens e mulheres, passava pela angariação de mão-de-obra, mediante a promessa de melhoria de vida, a qual depois exploravam com recurso a grande violência, ameaça física e coação, bem como à exploração sexual de mulheres e extorsão de outras pessoas, decorrendo esta atividade criminosa em várias áreas do território nacional”.

Segundo a mesma fonte os elementos agora detidos em outros estados europeus tinham especial “relevo no grupo criminoso”. Os suspeitos aguardam agora processo de extradição.

Advogado apanhado na teia

No âmbito desta investigação foi detido pela Polícia Judiciária um advogado, que desenhou um esquema aparentemente legal para justificação dos ganhos provenientes do grupo: “Procedeu à construção do tecido empresarial que possibilitou a exploração das vítimas sob um manto de aparente legalidade, tendo tido também um papel ativo em todos os contactos e atos que levaram à concretização e perpetuação da atividade criminosa por parte de todos os outros arguidos”.

Apesar de só terem sido identificada 50 vítimas, as autoridades acreditam que o número real “ascendia a mais de uma centena”.