Edição crítica de Mein Kampf torna-se bestseller

Republicação da obra que fundou o Terceiro Reich vendeu cerca de 85 mil exemplares no último ano.

O instituto que este ano publicou uma reedição crítica e anotada do livro que Adolf Hitler escreveu na década de 1930 anunciou esta terça-feira que a obra se tornou um bestseller e que vai ter uma sexta edição até ao fim deste mês. 

O livro, editado em dois grossos volumes com cerca de 3500 notas críticas e anotações históricas, vendeu cerca de 85 mil cópias ao longo do ano. Estão a ser preparadas traduções para inglês e francês. 

“Hitler, Mein Kampf, Uma Edição Crítica”, passou 35 semanas no topo da lista da revista “Der Spiegel”, superando as expectativas do Instituto da História Contemporânea de Munique, que o concebeu e publicou. 

"O número de vendas apanhou-nos de surpresa, ninguém as podia antecipar”, disse esta terça-feira Andreas Wirsching, o diretor do instituto, em declarações à agência de notícias alemã, DPA.

“Estamos muito contentes com a ponte ambiciosa entre trabalho académico de base e uma explicação política e histórica do que aconteceu”, contou Wirsching ao “New York Times”, revelando que a publicação deu lugar a mais de 60 debates em museus, monumentos evocativos do Holocausto, escolas e igrejas.

A controvérsia que antecedeu a sua publicação, que ocorreu no início do último ano, meses depois do fim de uma proibição de 70 anos imposta pelo governo regional da Baviera, dividiu o debate entre os que defendiam uma republicação crítica e contextualizada de um documento histórico importante, por um lado, e os que acreditavam que o ressurgimento da obra que estabeleceu as fundações do Terceiro Reich e do seu ódio antissemita despertaria novos movimentos racistas num momento em que a Alemanha debatia a entrada de mais de um milhão de requerentes de asilo.