Costa falha funeral: “Não foi uma decisão pessoal”

Assim que se soube que António Costa não iria antecipar o regresso da visita à Índia, houve quem no PS não escondesse a incompreensão perante a decisão do primeiro-ministro de não estar nas cerimónias fúnebres de Mário Soares. Por isso, Costa sentiu necessidade de se justificar, lamentando não poder estar presente.

"Não foi uma decisão pessoal”, garantiu António Costa à SIC, explicando que o dever falou mais alto do que a sua vontade.

“Do ponto de vista pessoal queria estar onde todos os amigos do dr. Mário Soares querem estar, junto de si a prestar a sua última homenagem. Mas os primeiro-ministros nem sempre podem fazer o que querem, devem sempre procurar fazer o que devem”, justificou.

Costa – à semelhança do que Santos Silva tinha já dito ontem – admite mesmo que Soares tomaria uma decisão semelhante no seu lugar.

"Tenho a certeza que o dr. Mário Soares, se tivesse na minha posição, faria exatamente o mesmo. E a prova disso é que os filhos, João Soares e Isabel Soares foram os primeiros a perceber a decisão”, disse.

 “Esta é a primeira visita de Estado de um primeiro-ministro português desde que Mário Soares restabeleceu as relações diplomáticas entre Portugal e a Índia, em 1974. As autoridades indianas quiseram valorizar muito esta visita, fazendo-a coincidir com o congresso da diáspora e com a inauguração do centro de língua portuguesa em Goa, por isso é um momento muito particular”, afirmou Costa, lembrando que “as visitas de Estado têm regras, devemos cumpri-las”. 

Apesar de estar à distância, António Costa quis prestar hoje uma homenagem a Soares.

No Twitter, Costa anunciou que o primeiro-ministro indiano Narendra Modi sugeriu um minuto de silêncio em homenagem a Mário Soares, antes de arrancar o congresso da diáspora, em Bangalore, perante cerca de 8 mil congressistas presentes. 

Hoje, Augusto Santos Silva fez saber que antecipará o seu regresso da Índia por forma a estar presente nas cerimónias fúnebres de Soares, que contam já com a confirmação da presença de vários chefes de Estado e justificam por isso que esteja cá o chefe da diplomacia portuguesa em representação do Governo.

O anúncio da vinda de Santos Silva foi feito já depois de noticiado o desconforto gerado pela ausência de Costa.