Dakar. Motard português volta a parar para ajudar colega

Eis Paulo Gonçalves. O motard  português terminou a quarta etapa do Dakar no 17.º posto e desceu para a 10.ª posição da geral. Mas há uma explicação e para Gonçalves há valores acima da própria competição. 

Dakar. Motard português volta a parar para ajudar colega

Fair-play,  generosidade e altruísmo. Se há atleta que encaixe nestes três requisitos é Paulo Gonçalves. O motard português parou, durante a quarta etapa do Dakar 2017 – percurso entre San Salvador de Jujuy, na Argentina, e Tupiza, na Bolívia, com um total de 521 quilómetros -, para auxiliar o australiano Toby Price. Com 30 quilómetros a separar a meta do piloto da Honda, e a 15 minutos do líder Walkner, Gonçalves encontrou o australiano Price estendido no chão, com o fémur da perna esquerda partido. 

O português não hesitou em suspender a prova para auxiliar o adversário, numa lição de companheirismo que ditou uma distância de 26 minutos e 14 segundos relativamente ao líder no final da etapa. No fim, Gonçalves arrecadou o 17.º posto, resultado que empurrou o motard luso para a 10.º posição da geral. Uma queda na tabela  classificativa que não incomodou Gonçalves. «As corridas são muito mais que resultados quando está em risco a nossa vida», afirmou o piloto que já é um desportista bem conhecido do público pelos seus atos de camaradagem.

Imagens virais

Em 2016, Paulo Gonçalves tornou-se um dos protagonistas do Dakar exatamente pelo mesmo feito: auxiliar um adversário. Na altura, o representante luso colocou o espírito competitivo de lado para acudir Matthias Walkner que, coincidência ou não, foi o vencedor da presente etapa, quarta, do Dakar 2017! As imagens tornaram-se virais, mas não era a primeira vez que os valores e princípios de Paulo Gonçalves se colocavam acima da rivalidade. 

No Dakar 2014 e depois de uma aparatosa queda do piloto algarvio Ruben Faria, o piloto da Honda tinha igualmente encostado para prestar assistência ao seu compatriota. Na altura Paulo Gonçalves foi distinguido pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) com o prémio de Mérito Desportivo num ano em que se sagrou Campeão do Mundo de todo o terreno. 

Tal como aconteceu nas duas edições referidas do Dakar, 2014 e 2016, a organização restituiu o tempo dispensado por Paulo Gonçalves no ato de solidariedade e cooperação com o australiano, decisão que permitiu a subida ao sexto lugar da tabela geral classificativa. Uma alteração que mantém o motard português na luta pelo título numa altura em que faltam disputar seis etapas, ou seja, metade da prova.

A todo o gás

Paulo Gonçalves marca presença pela 11ª vez no Dakar. É o português com melhor palmarés na prova, a que soma o título de Campeão do Mundo de Ralis Todo-o-Terreno, em 2013. Este ano integra novamente a equipa da Honda depois do segundo lugar obtido, em 2015. Gonçalves luta pelo título numa altura em que faltam disputar seis etapas até dia 14 de janeiro, em Buenos Aires (Argentina).