Taça da Liga. Para o Vitória, uma vitória será mais do que uma vitória

Eliminar o Benfica – têm de ganhar o jogo – colocaria os minhotos na invejável posição de entrarem numa “final four” sem qualquer um dos Três Grandes. Marítimo e Braga (e Rio Ave) estão à espreita do mesmo…

Hoje, pelas mais do que absurdas 21 horas e 15 minutos, Benfica e Vitória de Guimarães decidem entre si qual o qualificado do Grupo D para as meias-finais da Taça da Liga. Convenhamos: terça-feira, dia de trabalho, com jogos transmitidos pela televisão, como convencer as pessoas a irem aos magotes numa romaria aos estádios? Faz sentido? Para mim não faz. E este vício da hora tardia não é de hoje. Já há muitos anos, um camarada italiano chamado Darwin Pastorin – jornalista e escritor interessantíssimo – se lamentava dos horários em que se disputavam as competições europeias em Portugal que não permitia mais do que breves referências aos jogos nos diários desportivos do seu país por via da necessidade dos fechos. Seja como for, a coisa parece ser para durar. Mais sorte tiverem os clubes do Grupo C, que jogam, no dia seguinte, sessenta minutos antes a sua jornada também decisiva: Marítimo recebendo o Braga; Rio Ave recebendo o Sporting da Covilhã.

Na frente do grupo com quatro pontos, merecem os madeirenses o favoritismo. Ou não? À espreita, subreptício, apostando num empate no jogo dos Barreiros, fica o renovado Rio Ave de Luís Castro. Até porque recebe um Covilhã já sem hipóteses, o que pode querer dizer menos foco competitivo.

Repetição?

E em Guimarães, no jogo mais a doer desta jornada? Repetir-se-á a história de sábado, com a vitória mais ou menos tranquila do Benfica? Paços de Ferreira e Vizela jogam absolutamente para nada. Farão, certamente, de conta que é um treino. Com duas vitórias nos dois jogos realizados na Luz, frente aos dois últimos classificados do grupo, têm os encarnados a vantagem de poder contar com dois resultados: o empate e a vitória. Exigência menor? Não chegaria a tanto. A Taça da Liga, que tão desprezada tem sido por FC Porto e Sporting – pelo menos no discurso dos seus dirigentes a partir do momento em que se vêem afastados da competição – não deixa de ser um troféu interessante e, sobretudo, agradável para os clubes que vivem na órbita dos Três Grandes, que o digam Vitória de Setúbal e Braga, os dois únicos vencedores além do Benfica. Aliás, basta recordar o que foi dito por representantes dos dois clubes no momento do sorteio. Promessa de vitórias! Coisa que cai rapidamente no olvido, ainda por cima quando se pega fogo ao palheiro da arbitragem, sítio onde tem muito para ele arder. Depois, a filosofia da vitória não se estende aos treinadores que fazem alinhar equipas remendadas, cheias de jogadores menos utilizados. E condenam-se ao fracasso. Dir-se-ia que a política desportiva não é discutida nos corredores das Antas e de Alvalade. Pelo menos, as divergências são óbvias e entram pelos olhos dentro. E, assim sendo, aos resultados e exibições medíocres junta-se a frustração disfarçada com acusações muitas vezes de supremo mau gosto e totalmente injustificadas.

Rui Vitória, desde que chegou ao Benfica, tem tido uma posição clara em relação à Taça da Liga: “É uma competição para ganhar e não para rodar ou fazer descansar jogadores!” Assim sendo, as suas alterações têm sido, como dizer?, cirúrgicas. Duas ou três mudanças, nada que retire a capacidade competitiva do conjunto que, com mais ou menos brilho, saiu imcólume dos confrontos contra Paços de Ferreira e Vizela (1-0 e 4-0). Confirmar-se-á hoje se essa filosofia se mantém. Ainda por cima não se perfilando o encontro da próxima jornada do campeonato (em casa, frente ao Boavista), de máxima exigência.

Quanto ao Guimarães, que até poupou vários titulares nos dois confrontos anteriores – vitória em Vizela (2-1) e empate em casa frente ao Paços de Ferreira (2-2), com golos sempre em cima do último minuto – não deverá estar pelos ajustes. Pedro Martins estará convicto que uma vitória frente ao Benfica será bem mais do que uma simples vitória – classifica o Guimarães para as meias-finais nas quais, sendo esse o caso, não estaria presente nenhum dos três maiores clubes portugueses, com todas as vantagens que isso pode catalisar, principalmente porque iremos ter uma “final four” jogada em campo neutro. Hoje, para os homens do castelo, joga-se uma espécie de final antes da final. Afastar o detentor da prova, significa tirar do caminho o maior escolho rumo a uma conquista que não deixará de ter um significado agradável para um clube que só tem nas vitrinas uma Taça de Portugal e uma Supertaça.