UGT acusa PSD de esquecer ‘os interesses do país’

Patrões pedem alternativas. João Machado, da CAP, admite que «não vai ser fácil».

UGT acusa PSD de esquecer ‘os interesses do país’

Os patrões e a UGT foram apanhados de surpresa pela posição do PSD, que anunciou na quinta-feira o voto contra a descida da Taxa Social Única. As maiores críticas à decisão de Passos Coelho são feitas pela UGT e as confederações patronais exigem uma alternativa ao Governo.

Paula Bernardo, secretária-geral adjunta da UGT, considera, em declarações ao SOL, que a posição assumida pelo PSD «não tem em conta os interesses do país ao colocar em causa compromissos alcançados em sede de concertação social e ao pôr em risco a própria estabilidade, a confiança e a paz social que são tão necessários no momento que o país atravessa».    

Paula Bernardo diz que a UGT não compreende a posição do PSD, sobretudo porque «quando estava no Governo associou ao aumento salário mínimo, em 2014, uma medida de natureza similar».

Parceiros sociais já discutiram alternativas à TSU

As confederações patronais exigem ao Governo que apresente alternativas, a concretizar-se o chumbo da descida da TSU no Parlamento. «O Governo é que fez um acordo com os parceiros sociais e se o Governo não pode cumprir tem que propor aos parceiros sociais alternativas ou dizer que o acordo não pode ser cumprido», diz ao SOL o presidente da CAP, João Machado. António Saraiva, da CIP, disse à SIC que o governo assumiu o compromisso de descer a TSU para as empresas e deve encontrar uma solução equivalente.

Os parceiros sociais discutiram outras medidas para compensar o aumento do salário mínimo, mas só a redução da TSU conseguiu gerar consenso. «Não vai ser fácil, porque nós já equacionamos alternativas e não encontrámos”, afirma João Machado.

«Lamentamos que o acordo seja colocado em causa»

A posição assumida pelo PSD também merece críticas dos patrões. João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços, lamenta que «as rivalidades partidárias» possam colocar em causa este acordo. «Assinamos o acordo porque depois da negociação se atingiu uma posição equilibrada. Lamentamos que os partidos façam discursos a elogiar a concertação social, seja na área do Governo, seja na oposição, e depois as rivalidades partidárias coloquem em causa este acordo. Isto é negativo para a estabilidade”, afirma João Vieira Lopes. Os patrões devem reunir-se com o primeiro-ministro na próxima semana.