Turismo. Recorde atrás de recorde graças à Web Summit

Dormidas cresceram quase 15%, atingindo os 2,9 milhões. Lisboa representou 31,3% do total, seguida pelo Algarve e Madeira

O turismo em Portugal continua a atingir recordes atrás de recordes. Só no mês de novembro, o número de hóspedes na hotelaria cresceu 12,6%, enquanto as dormidas aumentaram 14,7% face a igual período do ano passado. Feitas as contas, a hotelaria registou 1,1 milhões de hóspedes e 2,9 milhões de dormidas. Os dados foram revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que destacou o contributo do mercado internacional.

“O mercado interno desacelerou significativamente (mais 3,9% face a mais 13% no mês anterior), contrariamente aos mercados externos, que aceleraram (mais 19,5% em novembro face a mais 12,7% em outubro), com o contributo de um importante evento internacional em Lisboa”, diz o INE, referindo-se à Web Summit, realizada em Lisboa durante novembro do ano passado. Lisboa foi o principal destino, representando 31,3% do total, seguida pelo Algarve (22,2%) e Madeira (17,4%).

Apesar dos bons resultados graças ao evento tecnológico, os hoteleiros já admitiram que será necessário fazer acertos no próximo ano. O alerta foi dado pela Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) depois de as taxas de ocupação terem ficado “um pouco aquém” das expetativas na edição do ano passado, que decorreu entre 6 e 9 de novembro.

De acordo com os dados da associação, este evento internacional de tecnologia e empreendedorismo fez subir oito pontos percentuais a taxa de ocupação na capital, na comparação com quatro dias de 2015 (de domingo a quarta-feira). Mas, ainda assim, a expetativa de ocupação de 85% não foi atingida.

Em Lisboa, a taxa de ocupação foi de 79%, enquanto em 2015 tinha sido de 71%. O preço médio de quarto ocupado foi de 130 euros, mais 45 euros que no ano anterior, enquanto a expetativa era de pouco mais de 160 euros. A AHP não deixa, porém, de considerar positivo o impacto da conferência para a capital, prevendo-se agora que os responsáveis da hotelaria “revejam um bocadinho em baixa a previsão orçamental” e façam um “ligeiro acerto e uma compensação com outros eventos”, como congressos médicos, salientou Cristina Siza Vieira.

“Ainda assim, é uma aposta ganha”, considerou a responsável, enumerando que, entre as principais nacionalidades hospedadas nestes dias, a surpresa foram os norte-americanos, num top que inclui Reino Unido, França, Portugal, Alemanha e Espanha.

Aumento de receitas

Mas vamos a números. A estada média (2,56 noites) aumentou ligeiramente (mais 1,9%), enquanto a taxa de ocupação-cama subiu 3,8 pontos percentuais para 34%. Também os proveitos registaram um aumento durante o mês de novembro, superando os resultados do mês anterior. Segundo os dados do INE, os proveitos totais subiram 23,6%, o que representa um aumento face ao mês de outubro, em que se registou uma subida de 20%.

A verdade é que este crescimento se deveu sobretudo ao mercado externo ao registar em novembro um aumento de 19,5% nas dormidas, atingindo os 2,1 milhões e superando desta forma os números verificados nos meses anteriores (mais 12,7% em outubro e mais 7,9% em setembro).

Já o mercado interno registou um decréscimo face ao mês de outubro, contribuindo com 797,1 mil dormidas (um crescimento de 3,9% em novembro face ao aumento de 13% verificado no mês anterior).

No entanto, tendo em conta o movimento dos 11 primeiros meses do ano, observaram-se subidas de 5,2% nas dormidas de residentes e de 11,3% nas de não residentes.

Mercados-alvo

Os 13 principais mercados emissores concentraram 81,5% das dormidas, com o Reino Unido a liderar o ranking. Apresenta uma quota de mercado de 19,2% e registou um aumento de quase 14% nas dormidas mas, ainda assim, não conseguiu atingir os aumentos dos primeiros quatro meses do ano. No período acumulado de janeiro a novembro, o aumento das dormidas fixou-se em 9,6%.

O mercado alemão (16,8% das dormidas de não residentes) registou uma subida equivalente à do mês anterior (mais 13,6%), tendo sido de 9,7% o aumento das dormidas registadas nos 11 primeiros meses do ano.

As dormidas do mercado espanhol aumentaram 6,4%, mais que em outubro (mais 2,7%) e em setembro (mais 4,2%). No entanto, fica aquém do acumulado dos 11 primeiros meses (mais 9,1%). Sendo o terceiro maior mercado em novembro, o seu peso relativo reduziu-se (8,2% face a 9,2% em novembro de 2015).

França manteve uma evolução positiva (mais 22,1%), mas inferior à de outubro, quando registou um crescimento de quase 32%, representando 7,7% das dormidas de não residentes e pouco oscilando face a igual mês do ano anterior (7,5%).