Vin Diesel. “Xander só quer defender o seu direito a curtir a vida, viver no limite”

Com entrada direta para o primeiro lugar da tabela nacional, com mais de 52 mil espectadores em apenas quatro dias, em “xXx: O Regresso de Xander Cage”

Vin Diesel volta a dar vida a uma das suas personagens mais emblemáticas.

Em “xXx: O Regresso de Xander Cage”, Vin Diesel volta a um papel que foi crucial para colocá-lo no mapa em 2002 – ‘X’ (como lhe chamam os amigos) – o durão com queda para desportos radicais que se tornou numa figura icónica, tendo sido recrutado pelo Tio Samuel (L. Jackson) para dar conta de um grupo de biltres russos cobertos de tatuagens e que estavam mesmo a pedir um enxerto de porrada. O primeiro filme foi acolhido por fãs em todo o mundo, com um saldo acima dos 250 milhões de euros em receitas de bilheteira.

No filme que agora chega às salas, X é recrutado pela agente da NSA (Agência de Segurança Nacional norte-americana) Jane Marke (Toni Collette) quando a ‘Caixa de Pandora’, um engenhoso pequeno gadget capaz de tomar conta dos satélites e transformá-los em armas, cai nas mãos do imprevisível Xiang (interpretado pela estrela de filmes de ação de Hong Kong, Donnie Yen) e do seu gangue. Para recuperá-la, X recruta a sua própria equipa – incluindo Donnie Yen (“Roque One: Uma História de Star Wars”), a estrela de Bollywood Deepika Padukone, Ruby Rose (“Orange is the New Black”), Rory McCann (“A Guerra dos Tronos”) e Nina Dobrev (“Diários do Vampiro”).

Nascido na Califórnia mas tendo crescido em Nova Iorque, Diesel deve hoje a sua fama a sagas como “Velocidade Furiosa”, “xXx” e “As Crónicas de Riddick”. Se isso não bastasse, (para que fique registado) também arrasou emprestando a voz a Groot em “Guardiões da Galáxia” e voltará a fazê-lo na sequela que tem a estreia nas salas portuguesas marcada para maio. Falámos com Vin Diesel na Cidade do México sobre a experiência de filmar “xXx: O Regresso de Xander Cage”.

 

O que o fez regressar a Xander Cage e ao mundo de xXx?

Comecei a pôr a hipótese de voltar a fazer outro xXx depois de o quarto filme de “Velocidade Furiosa” ter sido um grande sucesso, em 2009. Havia pessoas que me vinham dizer: “Aquilo que fizeste com o Dom, fá-lo com o Xander.” A partir daí a ideia ficou comigo. Mas depois era preciso encontrar a altura certa, mas essa altura nunca chegou a apresentar-se. Depois, após a experiência com o sétimo filme da saga “Velocidade Furiosa”… Aquele período de 2014, 2015, foram anos difíceis, por termos de terminar um filme depois da perda de um amigo [na sequência da morte do coprotagonista de “Velocidade Furiosa”, Paul Walker, em 2013]. Essa foi uma experiência tão árdua e tumultuosa que, para ser honesto, nunca senti tanto a necessidade de um personagem que me fizesse rir e estar para cima como nesse período da minha vida. Dei por mim a sonhar com um filme em que pudesse simplesmente voltar a divertir-me. E estou muito feliz por ter feito este. Serviu-me de cura numa série de níveis diferentes.

Qual foi o seu papel inicial na criação da própria personagem de Xander Cage? Como é que ele evoluiu desde o primeiro filme?

Bem, essa é a parte mais motivadora de representar um papel numa saga. Dás por ti a evoluir quando não estás a filmar e depois tens de representar essa evolução perante as câmaras. Esses dois fatores têm que estar em sintonia e funcionar juntos. No primeiro filme, Xander Cage era um soldado solitário. Neste filme está disponível para trabalhar em equipa. Essa é um diferença decisiva e um sinal claro de evolução. No primeiro filme, não tive grande coisa a que me agarrar senão à noção de que este tipo era um atleta de desportos radicais antes de tudo e depois uma espécie de James Bond. Na colaboração com o guionista na altura, decidimos imprimir-lhe uma certa arrogância e apercebemo-nos de que havia algo de encantador num tipo que não tem remorsos de nada mas que assume a sua vaidade de uma forma divertida. Um personagem que simplesmente perseguia emoções fortes. Com Dom Toretto, o que havia era a necessidade de proteger a família. Mas este, Xander, só quer defender o seu direito a curtir a vida, viver no limite.

Como foi voltar a trabalhar com Samuel L. Jackson? Quão importante era para si que ele integrasse o elenco?

Muito importante – não me parece que tivéssemos conseguido fazê-lo sem ele. Trabalhar com o Sam Jackson foi importante para mim porque ele é um ator muito poderoso e respeitado entre a comunidade dos atores. Sabes como é, para todos aqueles miúdos que não tinham condições de pagar cursos de representação, tudo o que podias fazer era ver uma série de filmes em que o Sam Jackson entrava. Por isso, quando ele quis fazer o xXx comigo foi, para mim, um enorme sinal de validação pessoal. Foi um daqueles momentos em que me dei conta de que tinha verdadeiramente encontrado o meu lugar. Assim, não teria regressado a este filme sem ele. Ele foi sempre uma parte essencial da história e trabalhar com ele de novo deu-me imenso gozo.

Há tantas acrobacias e cenas de ação incríveis neste filme – da cena de skate àquelas com gravidade zero e às proezas com as motas… Há alguma que destaque como aquela que mais gostou de fazer?

Foi divertido treinar para todas elas. Era disso que estava a precisar neste filme. Precisava de divertir-me. E a diversão começou comigo à frente do computador a ver milhares de clips de desportos radicais e selecionar aqueles que me parecia que ficariam fantásticos no filme. Trabalhar com a minha equipa, o realizador, D.J. Caruso, o guionista e os coordenadores de acrobacias, desenvolver as cenas – tudo isso deu-me imenso prazer. Quando chegou a altura de começar a ensaiar as diferentes sequências foi pura diversão. Quando estava a andar de skate na República Dominicana, a preparar-me para o filme, lembrei-me de ser miúdo e andar pelas ruas de Nova Iorque em cima da prancha… (risos) E depois filmar tudo isto foi espetacular.

Qual foi o maior desafio ao filmar este filme?

Encontrar tempo para o fazer. Honestamente o maior desafio para conseguir que as condições se reunissem foi arranjar tempo para o fazer. Criar esse tempo. Esse foi de longe o nosso grande desafio. Não foi possível até ao momento em que eu próprio senti necessidade de encontrar uma cura para os meus problemas e arranjei o tempo necessário para o fazer.

Uma curiosidade: qual a história por detrás do casaco de pêlo que marca a imagem deste personagem?

O casaco (risos)… Tive uma reunião o Mark_Zuckerberg (CEO do Facebook) imediatamente antes do lançamento “Velocidade Furiosa 7”. Pensava que os temas da conversa seriam relacionados com o filme, para além das redes sociais, claro. Mas a certo ponto da conversa ele interrompe-me e diz: “O meu filme favorito é o xXx._Gostei tanto do filme que depois de fechar um grande negócio comprei ao meu braço direito o casaco que usaste no xXx._Andava a pedir-lhe para trabalhar muitas horas extraordinárias e ele disse-me ‘Não te preocupes, Mark, eu vivo para isto.” Depois disto, tinha de voltar a usar o casaco (risos)…

Como vê o futuro do franchise xXx a desenrolar-se?

Penso que vamos saber isso assim que este filme estreie. É claramente um produto de um trabalho de grande dedicação. Um filme que nos deu tanto prazer a fazer. E tivemos um grande sucesso já em ter conseguido reunir um elenco com o qual mal posso esperar para voltar a trabalhar – um tão grande, global e fabuloso elenco. Lembro-me que, quando as pessoas começaram a ouvir falar de que estávamos a preparar-nos para entrar em produção, terem dito “xXx tem o melhor de todos os elencos na história!” Se a oportunidade nos for dada, mal posso esperar para voltar a trabalhar com todos uma vez mais.

Entrevista cedida pela Paramount Pictures