Projecto da capital da Guiné Equatorial ‘abriu portas’ a arquitectos portugueses

O ateliê de arquitectura e urbanismo Ideias do Futuro (IDF), contratado para conceber a futura capital da Guiné Equatorial, considera que a oportunidade lhe «abriu portas» no país africano, rico em petróleo e gás, mas com «falta de quadros».

Em 2011, o IDF apresentou uma proposta de «capital para africanos» e o presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, gostou. O ateliê já terminou a conceptualização de Djibloho, nome da futura capital política e administrativa, mas mantém em curso dois outros projectos turísticos no país, «obviamente mais pequenos», disse André Correia, economista e gestor de projecto no IDF.

A Guiné Equatorial ainda não está preparada para ser um destino turístico, «não tem hotéis nem nada», mas assumiu essa intenção como «um objectivo estratégico», assinala. Porém, os dois projectos estão «em ‘stand by’». O país «tem muita dificuldade em conseguir manter muita coisa a funcionar ao mesmo tempo», diz.

«Um dos problemas da Guiné Equatorial é que há uma falta grande de quadros técnicos», constata, realçando, porém, que tem havido investimento na formação de quadros na Europa. «Um dos pedidos do presidente para a nova capital foi a criação de um pólo universitário», exemplifica.

«Sempre tivemos alguma dificuldade na interacção com o Governo», relata, mencionando que qualquer dúvida tinha de obter resposta de uma alta figura do Estado. «Era a mesma coisa que cá em Portugal estarmos a tirar dúvidas com o secretário de Estado», compara.

«É um país que precisa nitidamente de amadurecer, mas tem bastante potencial, pouca população, bastantes recursos. Poderá ter um bom futuro», acredita.

André Correia está convencido de que o negócio com a Guiné Equatorial «seria mais fácil se houvesse uma ligação a Portugal através da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]».

A Guiné Equatorial já faz parte do grupo francófono e «as empresas francesas estão lá muito bem colocadas», equipara, sublinhando que a adesão do país à CPLP – que vai ser debatida novamente na cimeira de Maputo, na sexta-feira – poderia resultar numa «preferência» por empresas portuguesas.

O economista não tem dúvidas de que a futura capital da Guiné Equatorial – que deverá estar pronta entre 2025 e 2030 – é «um dos projectos mais importantes» do IDF, apenas responsável pelo trabalho de conceito, «concluído e entregue», aguardando-se agora que a execução seja adjudicada.

Segundo a estimativa do ateliê, a nova capital, com uma área de 8150 hectares e destinada a acolher 160 mil habitantes, custará cerca de 500 mil milhões de euros.

«O grande mote do projecto foi criar uma capital africana (…), uma capital administrativa em que conseguíssemos que coexistissem as várias classes sociais», refere André Correia, adiantando que o IDF foi ao local «várias vezes», mas o trabalho de arquitectura foi desenvolvido em Lisboa.

Djibloho será uma cidade «amiga das pessoas», que pode ser «utilizada a pé», com zonas de lazer e «hortas de subsistência, algo que para o povo africano é muito importante», descreve.

Lusa/SOL