A falta de noção

Realmente, o Partido Socialista tem razão. Ao aliar-se aos partidos da esquerda, Passos Coelho está a esquecer o PSD moderado, europeísta, que preferia o centro aos extremos, que ouvia a sociedade em vez da ideologia e conservava o arco-de-governação!

Os partidos da esquerda – Bloco e PCP – também o fizeram porque não consideram que o salário mínimo deva ser negociado em troca de algo e porque não acreditam que se deva diminuir a TSU às entidades empregadoras. O PSD expôs, neste sentido, o quão minoritário é o governo de António Costa, visto que as posições conjuntas assinadas entre o PS e os partidos à sua esquerda, além de serem ignoradas, não garantem uma maioria "estável e duradoura" como prometeram.

O PS zangou-se com esta exposição e acusou o PSD de "jogada política", "oportunismo", e de "desprezar a concertação social" quando Pedro Passos Coelho votou ao lado do Bloco e do PCP. 

Pedro Nuno Santos, que há uma semana dava entrevistas sobre o Partido Socialista "nunca mais precisar da direita", não gostou que a direita não lhe desse mão quando afinal dela precisou.

Realmente, o Partido Socialista tem razão. Ao aliar-se aos partidos da esquerda, Passos Coelho está a esquecer o PSD moderado, europeísta, que preferia o centro aos extremos, que ouvia a sociedade em vez da ideologia e conservava o arco-de-governação.

Citando um sábio Tiago Barbosa Ribeiro, esta opção do PSD é uma autêntica "afronta à sua história". Ao aliar-se a grupos tão radicais, Passos está a comportar-se como um mero sobrevivente político, como alguém que sacrifica os princípios do seu partido apenas para benefício próprio. Só faltava que os deputados do PSD viessem chamar "feira de gado" à concertação social!

Qualquer dia, com este oportunismo todo, ainda perdem uma eleição para António Costa e decidem derrubar o governo com o apoio dos seus novos amigos, Bloco e PCP! Isso, sim, seria o cúmulo. Mas graças a Deus que temos um Presidente da República que nunca permitiria tamanha atrocidade.