Eurogrupo sem “espaço para complacência com Portugal”

Reunião dos ministros das Finanças dos países do euro alerta para “riscos relevantes no médio prazo”. Governo garante estar a “atuar”

O Eurogrupo deixou alertas sobre a situação financeira de Portugal e o governo garante que vai adotar as políticas que permitam cumprir todos os compromissos do país. Os juros da dívida pública são uma preocupação. 

Ontem, à saída da reunião dos ministros das Finanças dos países do euro, o presidente do Eurogrupo disse que “não há espaço para complacência com Portugal” e que há “riscos relevantes no médio prazo”. “A volatilidade nos mercados sublinha a necessidade de Portugal acelerar as reformas e fortalecer os bancos”, afirmou Jeroen Dijsselbloem, citado pela agência Bloomberg.

Por seu lado, e também à saída do mesmo encontro, o seu homólogo português afirmou que a análise feita pelo Eurogrupo tem uma perspetiva um “pouco mais longa”e salientou que “estamos num período de volatilidade no mercado e de incerteza que se instalou”.

Em relação ao sistema financeiro, Mário Centeno lembrou que “o governo delineou um plano que está a ser implementado” e, sobre a banca portuguesa, garantiu que o executivo está a “atuar” e que essa “foi essa a mensagem que aqui ficou”. “Nós mantemos sempre os compromissos. E mostrámos de forma muito evidente a determinação do país em cumprir os seus compromissos”, salientou o governante, citado pela agência Lusa.

Por seu lado, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, afirmou ter analisado “a situação com um olhar construtivo e tomámos nota dos compromissos claros assumidos por Mário Centeno, com quem me encontrarei amanhã (sexta-feira) à tarde, num encontro bilateral”. Já Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), também salientou que os mercados estão “nervosos com o nível de dívida, o setor financeiro e a competitividade” do país, ao mesmo tempo que disse estar “confiante que, se derem resposta a estas questões, os mercados irão reagir positivamente”.

A volatilidade dos mercados prendeu–se com a ultrapassagem da fasquia dos 4% dos juros da dívida pública portuguesa, valor-limite para a DBRS manter a notação de Portugal.

Juros em alta

Ontem, estes chegaram a perto dos 4,2%, naquele que foi o quarto dia consecutivo de subida.

A taxa de juro das obrigações soberanas a dez anos ultrapassou assim o recorde de fevereiro de 2016 (4,109%), e o risco da dívida portuguesa – medido pelo spread face à dívida germânica – também aumentou.

Na próxima semana, a agência Fitch – que, tal como a Standard & Poor’s e a Moody’s, considera o investimento em dívida portuguesa especulativo — vai rever a notação da dívida portuguesa e a banca estará no centro da avaliação.

Caso a DBRS, única que não classifica Portugal como investimento especulativo, baixe a sua nota, Portugal fica com o acesso ao financiamento junto do Banco Central Europeu comprometido.