Fillon desiste do Eliseu se for indiciado pelo emprego da mulher

Esposa do candidato à presidência de França recebeu 500 mil euros  do Estado pelo seu trabalho enquanto assessora no parlamento, mas há poucas provas do trabalho realizado.

Fillon desiste do Eliseu se for indiciado pelo emprego da mulher

Quando o ex-primeiro-ministro francês François Fillon se apresentou como candidato à nomeação presidencial, nas eleições primárias d’Os Republicanos, cedo se assumiu como um político inquebrável e inatacável. Ao contrário dos seus principais adversários no maior partido conservador de França,  Nicolas Sarkozy e Alain Juppé, Fillon nunca tinha visto o seu nome envolvido em qualquer escândalo político ou de corrupção e foi precisamente em volta dessa realidade que montou a sua candidatura anti-sistema e contrária aos interesses instalados.

Mas sobre o perfil de candidato bem comportado começou a pairar uma ameaça séria, depois de uma publicação do jornal satírico Le Canard Enchaîné, ter sugerido que a esposa de Fillon recebeu meio milhão de euros do Estado, pelo exercício do cargo de assistente parlamentar, oferecido pelo marido. Até aqui, nada de irregular, uma vez que a legislação francesa permite que os deputados contratem familiares diretos para posições de assistência. O problema é  que foi bastante complicado, para aquele jornal, encontrar provas do trabalho da mulher de Fillon e até descrever a sua função, já que raramente foi vista na Assembleia Nacional e nunca teve uma presença de destaque nas campanhas e ações políticas do marido. 

Em resposta à onda de críticas que se levantou em França, pelo alegado ‘trabalho-fantasma’ de Penelope Fillon, o candidato presidencial recusou ser julgado pela comunicação social e anunciou, na quinta-feira, que irá pôr fim à sua participação na corrida ao Eliseu, caso venha a ser indiciado pela justiça, pelo uso inapropriado de fundos públicos. «Apenas uma coisa me pode impedir de ser candidato: se a minha honra for lesada, através de acusações preliminares», disse Fillon, citado pela France 24, garantindo que «não violou a lei» e que o trabalho da mulher «foi real».

Fillon é um dos principais favoritos a disputar a segunda ronda das eleições presidenciais, pelo que uma eventual desistência aumentaria as hipóteses de vitória da candidata da extrema-direita, Marine Le Pen. A lista de principais candidatos ficará completa este domingo, dia em que os socialistas escolherão entre Manuel Valls e Benoît Hamon.