Exposição do Museu de Arte Antiga que foi adiada duas vezes já tem data marcada

Mostra vai ter um núcleo dedicado aos animais exóticos que eram trazidos para Lisboa durante os Descobrimentos

Estava previsto ser a grande exposição do Museu Nacional de Arte Antiga para o final de 2016, mas a sua inauguração acabaria por ser adiada para janeiro, aparentemente devido a problemas relacionados com o transporte das obras. Em janeiro, no entanto, contactado pelo SOL, o museu revelou não ter ainda “uma data final” para o evento.

Agora que atingimos o final do mês, a indefinição chegou ao fim. “A Cidade Global – Lisboa no Renascimento” inaugurará a 24 de fevereiro.

A mostra apresentará cerca de 250 obras e baseia-se numa investigação das historiadoras Annemarie Jordan Gschwend, investigadora do Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar, e Kate Lowe, autoras do livro “The Global City – On the streets of Renaissance Lisbon”, que acaba vencer o Prémio Almirante Teixeira da Mota, da Academia de Marinha de Lisboa.

Esta investigação partiu da descoberta, em Inglaterra, de duas pinturas do final do século XVI que representam a Rua Nova dos Mercadores, a principal artéria comercial da Lisboa dos Descobrimentos, que corresponderia à atual Rua do Comércio.

Segundo a nota de apresentação do livro, “The Global City” “sublinha o estatuto único de Lisboa como entreposto para curiosidades, bens de luxo e animais selvagens. À medida que o império comercial dos séculos XV e XVI expandiu rotas marítimas e redes da África Ocidental à Índia e Extremo Oriente, cargas não europeias eram trazidas para a Lisboa do Renascimento. Muitas raridades estavam destinadas à Corte Portuguesa, mas simultaneamente artigos exclusivos encontravam-se prontamente disponíveis para venda na Rua Nova, o equivalente da Bond Street [Londres] ou da 5.ª Avenida. Lojas especializadas ofereciam marfins da África Ocidental e cingaleses, ráfia e têxteis asiáticos, cristais de rocha, porcelana Ming, laca chinesa e Ryukyuan, joalharia, pedras preciosas, curiosidades naturais e produtos derivados de animais exóticos”.

A exposição do Museu de Arte Antiga deverá refletir esta riqueza e variedade, tendo, por exemplo, um núcleo dedicado aos animais exóticos que eram trazidos para Lisboa.