Caixa. Carta “secreta” entre Domingues e Centeno compromete ministro

Nessa carta ficou acordado que a administração de Domingues seria dispensada de entregar declaração de rendimentos e património ao TC.

Caixa. Carta “secreta” entre Domingues e Centeno compromete ministro

Já foi revelada a carta que os deputados da Comissão de Inquérito à CGD exigiam conhecer e que mostra a combinação entre o ex-presidente da Caixa, António Domingues e o ministro das Finanças para dispensar a administração do banco público da entrega da declaração de rendimentos e património no Tribunal Constitucional.

A carta, revelado hoje pelo jornal online Eco, tem a data de 15 de novembro, o remetente é Domingues e o destinatário é Centeno: “Foi uma das condições acordadas para aceitar o desafio de liderar a gestão da CGD e do mandato para convidar os restantes membros dos órgãos sociais”.

No entanto, esta troca de correspondência entre António Domingues, Mário Centeno e Mourinho Félix, assim como o advogado Francisco Sá Carneiro e técnicos das Finanças, começou ainda em abril do ano passado e vem confirmar o que já se suspeitava, apesar das declarações públicas feitas pelo ministro, até no Parlamento, de que não havia nenhum compromisso: houve mesmo uma discussão explícita sobre a exigência de Domingues para não entregar a declaração de rendimentos no Tribunal Constitucional. E um acordo que permitiu a entrada do gestor na Caixa.

De acordo com o Eco, os documentos enviados por Domingues à Comissão de Inquérito, 11 no total, com um conjunto de anexos, nomeadamente por correio eletrónico, servem para mostrar o que suportou a nomeação daquela equipa. Aliás, na carta remetida por Domingues ao presidente da comissão, com data de 31 de janeiro e receção no passado dia 1 de fevereiro, é o gestor que clarifica ao que vai: “considerando que a comissão rejeitou a argumentação aduzida [para não revelar estes documentos], venho juntar cópia de correspondência e documentação trocada (…) após a reunião de 20 de março de 2016, de alguma forma relacionadas com as condições colocadas para a aceitação dos convites para a nova administração da CGD”.