Taxa de abandono escolar sobe pela primeira vez nos últimos dez anos

Pela primeira vez nos últimos dez anos, a taxa de abandono escolar precoce volta a subir, invertendo a tendência acentuada de redução deste indicador.

Segundo os dados divulgados hoje pelo INE, em 2016, a percentagem de jovens que entre os 18 e os 24 anos não terminam o ensino secundário foi de 14%. Mais 0,3 pontos percentuais em relação a 2015, quando a taxa de abandono escolar precoce registada foi de 13,7%.

Esta subida da taxa de abandono escolar acontece no primeiro ano de tutela do ministro Tiago Brandão Rodrigues.

O PSD aproveitou a inversão da tendência deste indicador para confrontar o primeiro-ministro durante o debate quinzenal, que está a decorrer.

“Lembramo-nos da sua mensagem  de Natal, quando disse que um dos problemas do país era um défice de qualificação e que não queria deixar ninguém para trás, e do enorme destaque que tem dado às políticas de qualificação”, disse o líder da bancada social-democrata Luís Montenegro.

“É este o resultado das políticas deste governo, com o desinvestimento que fez no ensino profissional e com as alterações que fez nas reformas educativas. Perdemos qualidade no ensino e o vosso investimento na escola pública afinal tem este resultado: aumentou o abandono escolar precoce”, acrescenta o deputado.

Em resposta, o primeiro-ministro reconheceu o aumento do abandono escolar precoce – divulgado hoje pelo INE – dizendo que “é altura para analisar as razões” desta subida lembrando que os jovens vão estar incluídos no programa Qualifica que vai ser lançado pelo governo.

No entanto, António Costa apontou três razões que podem ter levando ao aumento da taxa de abandono escolar precoce. A primeira foi o mercado de trabalho. “Como a taxa de desemprego juvenil baixou quatro pontos percentuais, muitos desses jovens que encontraram lugar no mercado de trabalho deixaram de estudar.”

O primeiro-ministro apontou ainda a taxa de retenção. "As taxas elevadas de retenção produzem taxas de abandono escolar precoce. Ora, como no tempo do vosso Governo a taxa de retenção esteve sempre a subir, agora há um abandono maior", lembrou António Costa.

E a última explicação apontada pelo primeiro-ministro passa pela "reorientação das políticas activas de emprego feita pelo actual Governo, de modo a deixarem de constar os falsos estágios".