Um boche faccioso

Segundo o Diário de Notícias, que cita o jornal online Eco, o ministro alemão das finanças, Wollgang Schauble, disse que Portugal estava a ir bem até entrar o governo PS. Disse também que avisou o seu colega português, Mário Centeno, que Portugal estava a ir por um caminho arriscado, e que ele próprio não tomaria…

Já Sócrates, por quem não tenho qualquer simpatia, na entrevista que, no Expresso, deu a Clara Ferreira Alves, disse que “aquele estupor do Schauble todos os dias punha notícias no Financial Times contra nós”. O FT, para que não saiba (por não o ler, o que é normal para o cidadão médio) não trás só notícias sobre empresas e sobre mercados; tem uma parte sobre política bastante alargada, usada pelos poderosos deste mundo para darem recados uns aos outros.

Sobre Portugal, estamos conversados. Mas Schauble não se limitou a falar sobre Portugal. Sobre a Grécia, prometeu-lhe perdão da dívida se os helénicos abandonaram a zona-euro. Se a Grécia aceitar, estou mesmo a ver qual seria o próximo cliente para semelhante negócio: nós.

Portugal, a Espanha, e a Itália, não estava previsto entrarem na primeira vaga de países a adotarem o euro como moeda. Mas entraram, por cumprirem os critérios, e logo a seguir veio a Grécia (embora esta tenha falsificado as contas para entrar). Schauble está, do seu ponto de vista, a tentar corrigir os erros do passado. Ou isso, ou não passa de um boche xenófobo e faccioso.